quinta-feira, 17 de setembro de 2015

OYEKUBEFUN

REZA DE OYEKUFUN

Oyekúbedurá mafun agbá barabá, mafun agba Ofun mayekun fun Iyansã, lelé foguere
belele malere, Oyeku fun mafunyeké belere Ori Oxun Oriyeyeo, molala lala jeri
Iyalode Oriyeyeo, lele Oxun bebere Okanran ielegue yelele, Oyekufun yeyebi Oiya
Oma jire Awa Babadawa. Awo Oba Eri Ifá kaferefun Lewri Ifá. Kaferefun Elegbara.
Aqui nasceu Exú Larufá, filho de Ile e de Ikú.
Nasceu a transfiguração da Terra e de Elegbara.
Foi por este caminho que, com a ajuda de Oiyá, Exú Larufá se fez grande sobre a
Terra.
Foi aqui que Xangô transmitiu o poder do reino a Orunmilá.
É por este caminho que Ibeji traz sorte, dinheiro e saúde.
É o signo das lagoas, por isto, tem-se que oferecer sacrifícios aos espíritos das
lagoas.
Foi neste caminho que Oxun adquiriu escravos.
Para conseguir mulheres, oferece-se um preá dentro de uma cabaça a Elegbara.
No mesmo dia em que se encontra este signo oferece-se cinco akarás a Orunmilá,
com pó de peixe, de ekú e cinco moedas. Despacha-se, no mesmo dia, no cemitério.
O Awo, depois disto, limpa-se com bofe de boi, amarra o bofe com uma fita preta e
pendura no galho de uma árvore qualquer.
Não se come carne de carneiro.
Assinala morte repentina.
Não se deve cruzar bosques para não adquirir negatividades.
Se for mulher, deve usar ao dormir, um idé com contas de Oiyá, como proteção
contra Ikú durante o sono.
O homem de sua vida tem que ser Babalawo.
Deve vestir-se de branco e assentar Orunmilá.
Tem que ter cuidado para não levar um flagrante de seu marido.

IWORI MEJI

REZA DE IWORI MEJI

Iwori Meji iguí iguí, miyo miyo, adifafun Kolokó iyebefá tiroke Iyá lampé Xangô, Aroní
yeó Eleripin Orunmilá lorugbó.
Este é um Odu masculino, filho de Tehitana e Houlogodo.
Este Odu determina que se resguarde a cabeça de sua ação de Anjo Exterminador.
O termo Iwori significa "cortar a cabeça1
" o que, pela influência deste Odu, é
determinado num plano de existência incompreensível e inacessível para nós.
Aqui nasceu a decapitação, os animais ferozes, as bestas ferozes que habitam as
florestas, principalmente a hiena que serve como seu símbolo esotérico.
Trouxe ao mundo o costume de comer carne.
Está ligado ao ponto cardeal Sul e, por isto, é um dos quatro principais Odus de Ifá.
Foi a este Odu que Olofin confiou o cutelo do carrasco.
Sua cor é o marrom-avermelhado e é através dele que se faz o mal às mulheres
usando, para este fim, panos sujos de seu sangue menstrual colocados dentro de uma cabaça
junto com pó de peixe e de preá e um peixe de água doce. Ao redor da cabaça, do lado de fora,
coloca-se cinco penas de ekodidé2
.
1 - Iwo = cortar; ori = cabeça.,
2 - Pena vermelha de uma espécie de papagaio africano (odidé)
Prenuncia a morte de uma criança.
Fala de chantagem, roubo, instabilidade no matrimônio, mulher inescrupulosa que
usa de todos os meios, por mais imorais que sejam, para conquistar o homem desejado.
Provoca psicose, esquizofrenia e perda de memória.
Para remediar a perda de memória deve-se colocar um sininho em baixo do
travesseiro e tocá-lo à meia noite em ponto para invocar a proteção dos 16 Odus principais3
.
Fala da destruição dos filhos de Orunmilá por quererem saber mais que seu pai que,
por mais que fizesse, não conseguiu salvá-los da condenação imposta por Olofin.
Aqui nasceu a gonorréia e os malefícios que proporciona aos seres humanos. Isto foi
um castigo porque algumas mulheres praticavam sexo com os cães.
Surgiram as sobrancelhas, os cílios e o costume de piscar os olhos para mante-los
sempre molhados.
Nasceram os sissíos e os zumbidos emitidos pela terra para manifestar seu
desagrado e lembrar aos homens que, a matéria com que são confeccionados os seus corpos,
pertence à ela.
O Awo que tenha um afilhado deste signo deve evitar dar-lhe muito poder, pois são
pessoas muito perigosas e, dentro de cada uma delas, existe uma verdadeira fera adormecida.
Os filhos deste Odu ocultam muitas verdades dentro de si mesmos.
Não devem receber visitas de estranhos depois das dezoito horas.
Este signo desperta a pessoa para que descubra grandes coisas a partir de detalhes
insignificantes.
Disse Ifá: "Trançando linhas se faz uma corda".
O patuá deste Odu leva terra de remoinho e areia do local onde o rio desemboca no
mar.
Aqui nasceu o direito de não querer-se jogar depois das dezoito horas.
Proíbe, a seus filhos, comerem galo e amalá.
3 - Os Odus principais são os dezesseis meji, também chamados "Oju Odu". São eles, segundo a
ordem de chegada: Ejiogbe; Oyeku Meji; Iwori Meji; Odi Meji; Irosun Meji; Owónrin Meji; Obara
Meji; Okanran Meji; Ogunda Meji; Osá Meji; Iká Meji; Oturukpon Meji; Otura ou Otuwá Meji; Irete
Meji; Oxe Meji e Ofun Meji.

REZA DE IWORIBOGBE

Iworibogbe Ifá mayewé, Ifá Afefé ti ikí ití ewe anakun Orun Bebeni. Ifá Adiyoko
Onibarabaniregun ará buxe, Awo Mayewe, Awo Adiyoko ori Ifá oni Xangô, oniwó
Olokun onini Ifá.
Este Odu resulta da interação de Iwori com Ogbe.
Nele se encontram três dos quatro elementos naturais: Água, Ar e Fogo.
Seus filhos costumam ser avaros e têm vocação para a prática da vigarice.
Suas vidas são marcadas por tormentos e crises.
Aqui nasceram as injúrias e as afrontas.
Provoca atrasos na prosperidade em todos os aspectos.
Assinala débitos com Xangô.
Fala de enfermidades produzidas por descontrole nervoso, asma, esquizofrenia,
úlceras gástricas, úlceras duodenais e ataques transitórios de insanidade mental.
A pessoa costuma fazer uso de sedativos e tranqüilizantes.
A origem de todos estes males está no descontrole do grande simpático.
Fala de doenças da cabeça, para as quais, tem-se que fazer ebó, pois existe perigo
de vida.
Aqui nasceram os gêmeos e as formigas.
Nasceram também, as tempestades marinhas ocasionadas por tornados e as
grandes transformações de Olokun que se refletem nas mudanças de comportamento das águas
oceânicas.
É um Odu de prostitutas. A mulher conhece muitos homens e tem pelo menos três
maridos.
Neste signo o pai abandona os filhos.
Fala o pombo viajante que deixa o pombal vazio
O Awo deste Odu não deve trabalhar com Ifá quando ocorrerem tempestades.
Nestes casos, deve marcar seu signo no chão, ajoelhar-se e, colocando a cabeça sobre o signo
traçado, fazer a sua reza.
Os Awo de Iworibogbe vivem sós e morrem sós. Quando chega a hora de sua morte
todos os familiares encontram-se distantes.
Têm que ser obedientes e não podem ingerir bebidas alcoólicas.
A pessoa, para quem saia este Odu, tem que colocar um idefá4
confeccionada com
contas verdes e amarelas, alternadas de uma a uma, o mais rápido possível.

IWORIYEKU

Iworiyeku inkan Ikú ombelare oun yelein intori ikan to walore alá toguman alá bururu
oun batonxé gbe inkan to gire lori ko mawá yote lowo loma ni mi obori.
É filho de Iwori e Oyeku.
Neste Odu falam Orunmilá, Oxun e Yemanjá.
Tem que receber Orunmilá e cultuar todos os Orixás.
Para obter-se a proteção de Xangô deve-se dar-lhe uma oferenda de vinho tinto, mel
e dois charutos. Depois toca-se o xeré e pede-se o que se deseja.
Se for mulher, existe um egun que a impele à prática da prostituição.
Assinala traição por parte da mulher.
A mulher traiu e chantageou o homem que, agora, deseja matá-la.
Assinala que a mulher tem dois homens que pertencem a um mesmo grupo religioso
ou a uma mesma sociedade.
Assinala uma guerra por causa de um certo homem.
É um signo que assinala chantagem, este é o seu atributo.
Disse Ifá: "Em boca fechada não entra a mosca".
Não se deve comentar o que se vê.
É preciso ter muito cuidado com as palavras.
Tem que fazer ebó para não passar por idiota diante dos outros.
Ensina que as mulheres que não menstruam devem usar uma guia de Osain.
Se for homem, a mulher ficará doente e nunca mais recuperará a saúde.
Indica enfermidades do estômago e das pernas.
Cirurgias no aparelho urinário e no intestino.
Cuidado com doenças venéreas e males vaginais.
Cuide bem dos seios e tenha cuidado com um aborto que representa risco de vida.
A pessoa fez uma inimizade mortal.
O dinheiro chega sempre muito quente.
Aqui nasceram as pegadas sobre a terra e o rastro que se recolhe para fazer o bem
ou o mal.
Quando surge este Odu a pessoa tem que ficar sete dias sem ir ao campo.
A mulher é levada por um egun, à prática do lesbianismo.

Ifá diz:SÚÚRÙ

"Ìwà nikàn ló ṣòro o Caráter é tudo que é necessário.".

Quando Ìwà viu que os problemas eram muitos
Ìwà disse tudo bem
Ela foi para a casa de seu pai
Seu pai era o primeiro filho nascido de Olódùmarè
Seu nome, Sùúrù, o pai de Ìwà
"

Ìwà, o caráter, é o nome em yorubá que os povos da mesma usam para classificar esse valor moral. O caráter (Ìwà) é considerado o mais importante valor que uma pessoa pode ter, Ìwà vale mais que dinheiro e luxuosidades. É no caráter em que as Divindades veem o verdadeiro eu de cada um.
"Sùúrù (Paciência) é o primeiro filho nascido de Olódùmarè, e visto como pai de Ìwà (Caráter)

Sendo assim, Ìwà é a única condição essencial para viver bem no Àiyé, sem interferências sobrenaturais ou resultados dos nossos atos. A paciência (sùúrù) é tida como fator principal para não se provocar a perda do caráter. Precisamos ter paciência durante a vida, não precisamos precipitar o que Ifá e as Divindades já colocaram em nossos caminhos.

Olódùmarè e as Divindades nos apoiam pelo o que somos e não pelo o que temos, ter tudo não exprime que estamos ao lado de
lọìrun e dos Òrìṣà, eles preferem o que é intangível, o caráter (ìwà), a paciência (sùúrù) diante dos fatos da vida, a verdade (òótó), e por ultimo e não menos importante, a humildade (irlẹÌ). É em Ìwà onde nossas ações refletem e ela é a prova de nossos feitos no Àiyé.

"O lobo pode perder os dentes, porém sua natureza jamais."

"Não basta dirigir-se ao rio com a intenção de pescar peixes; é preciso levar também a rede."

"Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência"

"Quem poupa os lobos, sacrifica as ovelhas"

Ifa gbe wa oo


ESÚ

ilusão nos causa impressões de que algo visto de perto pareçam simétricas, e quando vistas à distancia terão um novo foco, assim vice e versa. Partindo deste princípio tudo depende do modo como se "olha", assim a justiça, ou a injustiça, o bem e o mau, assim como é importante as pessoas terem em conta que muitas vezes aquilo que lhes faz bem hoje, com o tempo pode não ser, da mesma forma que aquilo que hoje é ruim, amanhã poderá ser muito bom. Para a cultura Yorùbá, Èsù é o justiceiro Divino, aquele que olha tudo, que leva a Olódùnmarè os anseios do homem e o trás de volta em forma de benefício, Àse ou não. Tudo o que existe tem sua polaridade, e Èsù será aquele que nos dará a pista de qual o caminho tomar, ele traduz a linguagem densa de nossa crosta terrestre para chegar no divino, gerando caminhos (Odú), portanto ele é a primeira semente geradora Quando você conversa com a natureza e isto lhe trás benefício é Èsù que traduziu o seu código mental para a energia pura, trazendo de volta em forma de prazer interior. Se o Ikin-Ifá é a mente, para cada iniciado será então plantado um Èsù, pois ele é quem vai transformar os desejos interiores no seu mundo palpável, a mente é a razão, e Èsù o gerador, aquele que faz conceber, nascer, criar e tornar possível os frutos desta razão.le será plantado em uma pedra na qual os sacerdotes invocarão um espírito, e daí por diante você deverá criar uma afinidade de tal forma que tudo o que faça possa com ele dialogar, em todos os momentos, todos os dias e horas, se não fisicamente, mentalmente, criar uma simbiose. Forças são energias vivas que não podem ficar paradas, se você não tem este contato, com o tempo se vão, e aí você perderá novamente este elo de ligação, e só lhe restará uma pedra. Por conclusão, quando o iniciado recebe estes elementos sagrados o seu equilíbrio espiritual será completo, representando a unidade entre aquilo que se pensa e aquilo que se faz. Aquele que vive somente dentro da razão concentra na parte central do seu corpo esta energia, e viverá sempre tenso, dores de cabeça, mau humorado, é um ser nervoso. Quando ao contrário a pessoa se agita muito mais do que faz, serão aqueles que não sabem nem o que fazem, nem para onde ir, e vivem se debatendo de um lado para o outro sem sentido ou objetivos. "O equilíbrio está em pensar, e fazer. O Orí cria objetivos, os pés correrão o mundo, e as mãos farão o que precisa".ajunsun caminha com...

Os Ancestres

ANCESTRALIDADE Na Cultura Yorubá, a vida não se finda com a morte. Àtúnwa, É O Nome Dado Ao Processo Divino De Existência Única A Continuidade Da Vida. Olodumarê , O Supremo Deus Yorubá No Momento Do Nascimento Oferece Aos Homens Um Conjunto De Forças Sagradas Que Possibilita A Vida.São elas: Ara: O Corpo Físico Vindo Da Lama. Ese: Elementos Do Organismo Humano. Okan: Coração Físico E Espiritual - Órgão Que Centraliza O Poder De Vida E Sede Da Inteligência, Do Pensamento E Da Ação. Ojiji: Essência Espiritual. Emi: O Sopro Divino De Vida. Ori: A Individualidade E A Identidade. Odu: O Destino E O Caminho A Ser Percorrido. Ase: Força Movimentadora Da Vida. Orisa: Guardião De Cada Existência Humana. Todos Estes Aspectos Não Morrem...Voltam As Suas Origens, Isto É, Ao Orun, Pois Pertencem A Olorun E Só Ele Pode Liberá-Las. Estas Forças Divinas, Animaram Os Antepassados, Os Ancestrais, As Raízes Mães Do Asé Orisá, Ao Partirem Do AiyE E Voltam Ao AiyE Para Animar Seus Descendentes E Discípulos. A Ancestralidade Confirma A Imortalidade, Pois A Vida Continua No Orun Como Ancestrais. Do Orun A Ancestralidade A Tudo Assiste.No Culto De Orisá, Ancestrais Significa:"Aqueles Que Um Dia Tiveram A Energia De Vida No Aiyê E Que Cuja Energia De Vida É Repassada As Novas Gerações, Garantindo A Continuidade Da Vida E Do Culto Aos Deuses Africanos. "Como Conclusão A Vida Presente Depende Da Vida Passada De Nossos Ancestrais" O CULTO AOS ANCESTRAIS Através do culto aos ancestrais, os Egun ou Egungum é possível reconstruir origens, etnias, memória. Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana, expande com força total, um ethos que passando a diversidade de suas expressões manifestas. Permite revelar estruturas, valores, normas, denominadores comuns onde a questão da ancestralidade mítica e histórica, marca a existência de uma forte comunalidade. É na memória e no culto aos antepassados que essa comunalidade se afirma (Mestre Didi) Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência) No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awo) constitui o aspecto mais importante do culto.Vida e Morte para os Yorubás Os yorubá, como os demais grupos africanos, crêem na existência ativa dos antepassados. A morte não representa simplesmente um fim da vida humana, mas a vida terrestre se prolonga em direção à vida além-túmulo, exatamente em algum dos nove espaços do Òrun, o domínio dos seres desprovidos do Èmì. Assim, a morte não representa uma extinção, mas mudança de uma vida para outra. Os antepassados ou ancestrais são denominados Òkú Òrun e Àgbagbà, ou ainda pelo título de Ésà, usado para reverenciar os ancestrais nos ritos de Ìpàdé, dos candomblés do Brasil. Um antepassado é alguém de quem uma pessoa descende, seja através do pai ou da mãe, em qualquer período do tempo, e que o ser vivente conserva relações filiais afetuosas. Somente alcançarão a condição de ancestral com merecimento de culto aqueles que atingiram uma idade avançada, com uma vida de boa qualidade e trabalho expressivo para a sociedade, além de terem deixado bons filhos. Para os yorubá, um casamento sem filho é algo mal sucedido. Na verdade, seu sistema de valores tem por base três coisas: Owó (Dinheiro), Omo (Filhos) e Àíkú (Vida longa). A Vida Longa é considerada a mais importante porque proporciona a oportunidade que pode tornar possível as duas outras. São esses e toda a linhagem de gerações passadas que, depois da morte se transformam, para seus familiares. Embora os ancestrais compreendam membros masculinos e femininos das gerações anteriores, os ancestrais masculinos são os mais importantes. Ao seguirem para o Òrun, os ancestrais são libertos de todas as restrições impostas pela terra, dessa forma, adquirem potencialidades que podem ser usadas para beneficiar seus familiares que ainda estão na terra. Por essa razão, é necessário mantê-los num estado de paz e contentamento. Quando dissemos que existe um culto ao ancestral, queremos dizer que o que existe de fato é uma manifestação de relacionamento familiar indestrutível entre o familiar que partiu e seus descendentes que aqui ficaram.De acordo com o Órun ao qual foi destinado, continuará a exercer suas funções familiares, agora de modo mais poderoso sobre seus descendentes que a ele continuam a se referir como Bàbá mi(Meu pai), ou Ìyá mi(Minha mãe). Esta forma salienta o amor e a afeição que caracterizam as relações de ambos. Trazendo ao exemplo: "Eu vou falar com o espírito de meu pai", mas sim, "Eu vou falar com o meu pai", numa comprovação de que eles continuam a ter o título de relacionamento que tinham enquanto chefes de família. O fim da vida na terra envolve a questão a respeito do que se transforma o homem após a vida atual. Toda religião encara isto: Nascimento, Vida e Morte( Ìbí, Ìyé, Àti Ikú), o Pós- Vida (Iyè Lébìn Kú), o Julgamento Divino (Ìdájó ti Olórun) e o possível retorno em outra vida, sucessivamente (Àtúnwa). Ikú - Morte É visto como um agente criado por Olodumaré para remover as pessoas cujo tempo na Terra tenha terminado. A morte é denominada Ikú, e trata -se de um personagem masculino. Sua lógica é para as pessoas mais velhas e que dadas certas condições, devem viver até uma idade avançada. Por isso , quando uma pessoa jovem morre, o fato é considerado tragédia, por outro lado, a morte de uma pessoa idosa é ocasião para se alegrar. Sobre isto, costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I'o npa ni - "A morte não mata, são os excessos que matam" "Todas as coisas que fazemos na terra Damos conta, de joelhos no céu" Somente quando se é absolvido por Olodumaré é que se tem a oportunidade de reunir-se com seus ancestrais, podendo-se reencarnar e renascer dentro da mesma família. Se alguém porém é condenado vai para o Òrun Àpáàdi, onde irá sofrer com maus. Quando finalmente for libertado, não terá oportunidade de viver uma vida normal e será condenado a errar, por lugares solitários, comendo alimentos intragáveis

ÒSUN ABÚRA-OLU. ENI FÚNNI LÓMO NII RETÍ IGBE, ENI IDE KII SÚ, AMO ÀWÒMÀ RO. GBÀDÀMÚGBÀMÚ OBÌRIN KÒ S

KÁRE O! ONÍLÉ MO MÀ YÁRA DÉ O, ÈRÒ YÍÌ BÁ MÒNÀ KÓ SERÁ PÀDÉ MI. IBÀ ÒSUN! ÒSUN SINGINSI EMI LOMO ÌJÈSÀ. ÒSUN Ó JÍRE E O! IBÚ OLÁ! ORÈ YÈYÈ IMÓLÈ. ÒSUN OMI SÁ, OMI WO. OMI A SÀN RERE WOLÉ ÒDÀLÈ. EMI LOMO ÒSUN GBÀDÀMÚGBÀDÀMÚ OBÌNRIN YANYAN BÍ ÒKÚTA, OTÚBÙ YÓ O LOGUN, JÍRE E. IPÓNDÀ WÁ LÒKÙNKÙN PÉLÉ OJÚ RÈ TÀN DÉ ÒDÒ MI. ÒSUN OMI A JÍ SAN RERE WÒSÀ. YÈYÉ ADÉ OKO, O MÀ JÍRE E O! ÌYÁ MI, OBÌNRIN GBENDEKE, A GBENU IFÁ SOLÁ, YÈYÉ MI. A GBE INU IMÒ SÒRÒ. ORE YÈYÉ, JÍRE O! ÒSUN Á TORÍ ENI TÍ KO SUNWÒN SÈ. OMO OMI KÌÍ SÒFÒ. ÒSUN, OMI TÍÍ LÉKU DÀNÙ. YÈYÉ OLÓMI TÚTÙ, A TÒ PÈSÈ OLÁ. O WA YANRÌN, WA YANRÌN KÓWÓ SÍ. IRÚNMÓLÈ, TÍ Í GBA NÍ. ÒSUN, ILÈ ODÒ TÍ Í GBA NÍ KÁRE O, YÈYÉ! OLÓKÌKÍ ILÚ ÈKÓ. ÒSUN ÒSOGBO! OLÓMI WARA WÒRÒ TÍ Í SAN WOLÉ ÒTÁ. ÒSUN O WA YANRÌN, WA YANRÌN RÓWÓ NLÁ NLÁ KÓ IDE LÓWÓ, IDE LÉSÈ. ÒSUN, YÈYÉ Ó AFIDE RÉMO, ÒSUN, YÈYÉ Ó AFIDE LÉ, KÚ. E KI ORE YÈYÉ O! ORE YÈYÉ ÒSUN O. YÈYÉ ÒSUN A SAWO SÒÒGÙN ÒSUN A GBÓ BÈMBÉ GBA ÀSE. ÒSUN A FOMI TÚTU WO ÀRÙN, LÁI GBÈJÈ ÒSUN DOLA ATÓBÁLAYÉ ÒSUN TIRE NÍ N O SÉ DOJÓ ALÉ MÓ. ÒSUN ÀTI NÚ IBÚ TOBI. A TILÉ NÁWÓ OLÁ. ORE YÈYÉ O! ONIKII AMO AWO MO ROONÍLÉ TÚTÙ YÈYÉ ÒBA LÓDÒ O WE OMO YÈ. OLOTUTU ÈKÓ. ÒÒSÒ TÍ KÒ LÉGÚN TÍ KÒ LÉJÈ. ALÁGBO ÒFÉ. O WÁ YANRÌN KÓWÓ SÍ. ÒSUN Ò YÈYÉ NÍMÒ. KÁRE Ó, ÌYÁ ÒSUN! GBÀDÀMÚGBÀDÀMÚ OBÌNRIN KÒ SÉ FOWO GBÉ ORE YÈYÉ APÈRÈ OWÓ NBE NÍNU IBÚ. ÒSUN APÈRÈ OMÓ NBE NÍNU IBÚ YÈYÉ MI, ALÁPÈRÈ ÀLÁÀFÍÀ TÍ NBE NÍNÚ IBÚ. ÒSUN OMI A RÌN MÁ SÙN. ORE YÈYÉ ÒSUN O! ORE YÈYÉ ÒRÌSÀ! OLÓMÚ GÀDÀGBÀGADAGBA A FIDE RÈMO. ENÌ ÌDE KÌÍ SU. ÒSUN WE MÍ YÈYÉ IPÓNDÀ. YÈYÉ ADÉ OKO. ÒSUN OPÀRA, ÒSUN OJUNA, GBOGBO ÒSUN ÀTI ÈYÍ TÍ MO KÍ PÈLÚ ÈYÍ TÍ N KO IBÀ MÍ FÚN GBOGBO YÍN O, E DÁKUN, E GBÉ MI O!TRADUÇÃO VOCÊ KÁRE! AO DONO DA CASA DIGAM QUE CHEGUEI QUEM SABE O CAMINHO VENHAM SE REUNIR A MIM SAUDAÇÕES ÒSUN! ÒSUN SIGINSI SOU CIDADÃO DE ÌJÈSÀ ÒSUN, BOM DIA PARA VOCÊ! RESPEITO AS ÁGUAS PROFUNDAS! SAUDAÇÕES AO ESPÍRITO DA MÃE VELHA ÒSUN ÁGUA QUE EU RESPEITO, ÁGUA PERIGOSA ÁGUA QUE FLUI COMO UM RIO DESTRUIDOR EM DIREÇÃO A CASA DAS PESSOAS FALSAS SOU FILHO DE ÒSUN A GRANDIOSA MULHER DURA COMO PEDRA DEUSA QUE SURGE ONDE HÀ GUERRA, BOM DIA IPÓNDÀ MESMO ESTANDO NA ESCURIDÃO O BRILHO DE SEUS OLHOS CHEGOU ATÉ MIM. ÒSUN, ÁGUA QUE LOGO CEDO CAMINHA EM DIREÇÃO À LAGOA. MÃE VELHA ADÉ OKO, EU DE MINHA MÃE, MULHER GRACIOSA. GRAÇAS A IFÁ TEM VIDA PRÓSPERA, MINHA MÃE VELHA VIVE COM SABEDORIA, FACILITA A VIDA DAS PESSOAS. MÃE VELHA, BOM DIA ÒSUN. É AQUELA QUE MELHORA UM ORÍ QUE ESTÁ MAL. OS FILHOS DAS ÁGUAS TÊM BOAS AÇÕES. ÒSUN, ÁGUA QUE AFASTA A MORTE. MÃE VELHA, DONA DAS ÁGUAS CALMAS QUE PRODUZ RIQUEZAS. ELA CAVA, CAVA AREIA PARA ESCONDER DINHEIRO. DIVINDADE QUE NOS SALVA. ÒSUN, MORADA DO RIO QUE SALVA. SAÚDO VOCÊ, MÃE VELHA FAMOSA NA CIDADE DE LAGOS. OSUN, DA CIDADE DE ÒSOGBO! DONA DAS ÁGUAS QUE CORREM SUAVEMENTE E INVADE A CASA DOS INIMIGOS. ÒSUN, VOCÊ CAVA, CAVA AREIA E DESCOBRE GRANDES FORTUNAS PORQUE TEM BRONZE NAS MÃOS E BRONZE NOS PÉS. ÒSUN, MÃE VELHA QUE ENFEITA O FILHO COM BRONZE. OSUN, MÃE VELHA QUE ESPANTA A MORTE COM BRONZE. SALVE VOCÊ, MÃE VELHA! SALVE VOCÊ ÒSUN, MÃE VELHA! ÓSUN MÃE VELHA QUE CONHECE OS SEGREDOS DA MAGIA DAS FOLHAS. ÒSUN, QUE DÁ SEU ÀSE AO SOM DOS TAMBORES BÈMBÉ. SEM USAR SANGUE ÒSUN CURA AS DOENÇAS COM ÁGUA. ÒSUN DA PROSPERIDADE É SUFICIENTE PARA NOS DAR VIDA ÒSUN EU TE CULTUAREI NA TERRA ATÉ O ÚLTIMO DE MEUS DIAS. ÒSUN, SEU PODER VEM DAS PROFUNDEZAS DAS ÁGUAS, VOCÊ GASTA O DINHEIRO QUE TEM EM CASA POR VAIDADE. SAÚDO VOCÊ MÃE VELHA. ONIKII QUE CONHECE OS SEGREDOS, MAS NÃO OS REVELA. DONA DE UMA CASA TRANQUILA. MÃE VELHA, RAINHA DOS RIOS, SEU BANHO DÁ VIDA AOS FILHOS. DONA DA BRISA FRESCA DOS LAGOS. ÒRÌSÁ QUE NÃO POSSUI OSSO NEM SANGUE, QUE O DÁ GRACIOSAMENTE, VOCÊ QUE CAVA A AREIA PARA EN TRADUÇÃODOS LAGOS. ÒRÌSÁ QUE NÃO POSSUI OSSO NEM SANGUE, QUE O DÁ GRACIOSAMENTE, VOCÊ QUE CAVA A AREIA PARA ENTERRAR O DINHEIRO. ÒSUN MÃE VELHA E COMPREENSIVA, SAÚDO VOCÊ, MÃE ÒSUN, MULHER GRANDIOSA QUE NINGUÉM CONSEGUE CARREGAR NOS BRAÇOS MÃE VELHA, A CESTA DO DINHEIRO ESTÁ NO FUNDO DOS RIOS MINHA MÃE VELHA, POSSUIDORA DA CESTA DA PAZ, ESTÁ NO FUNDO DOS RIOS. ÒSUN, ÁGUA QUE CORRE SEM PARAR, SAÚDO VOCÊ MÃE VELHA ÒSUN! SAÚDO O ÒRÌSÁ, MÃE VELHACONVERSA ENTRE OBATALA E OSUN!!!! Conversa de Orixás... Obatalá... Espera, Oxum! Não posso interferir no processo de vida e morte, mas tenho, como tu mesma tens poderes para criar e consagrar símbolos que perpetuem um ser. Que o represente em qualquer situação e que possa ser renovado constantemente. Um símbolo vivo de alguém que já morreu! E este símbolo deverá participar de todos os rituais em nossa honra! E representará, com sua presença, não só a presença de seu pupilo, como também de todos aqueles que um dia receberam o sagrado OXU, que estabelece a aliança firmada entre o iniciado e seu Orixá! Um símbolo que possa representar também a Terra, onde habitam seus corpos depois de levados por IKU! A GALINHA D'ANGOLA gritaram todos em unissono. Oxum providenciou, imediatamente, uma galinha d'angola, que naquele tempo era inteiramente preta, e Obatalá lá soprou sobre ela pó de efun, pintalgando-a de branco, como hoje ela é. Oxum, então, modelou, com manteiga de orí da Costa, um cone ao qual acrescentou diversos componentes mágicos, e fixo-o sobre a cabeça da ave, dando a ela o status de ODOXU (aquele que possui OXU), que distingue os iniciados no Culto dos Orixás. OBATALÁ sentenciou: A partir desse dia, serás representado, em todos os rituais, por ETU, a galinha d'angola. Qualquer ritual em que ela não estiver presente, não será por nós validado. Esta ave é, a partir de agora o símbolo dos iniciados do qual foste o precursor e , por isso nascerá provida de OXU e da pintura de efun que é feita em minha honra! É por isso que, ainda hoje, a galinha d'angola deve estar presente em todas as cerimonias em honra aos Orixás, e uma parte dela compõe o OXU, que é colocado sobre a cabeça do neófito na hora de sua iniciação.
Majestosos e livres. Constituímos um Ilê (mundo) só de beleza e no nosso Orí (cabeça) a coroa brilha. Está é a natureza negritudiana encontrada nas Deusas do Ébano e nos Reis Zuluz. Homens e mulheres todos filhos de Santo, protegidos pelo axé da natureza, afirmando a religiosidade e a identidade cultural negra.Pense na graça da mulher... a feminilidade ora doce, ora guerreira....dona do poder da procriação.... vaidosa e sedutora, mas ao mesmo tempo incansável na defesa dos filhos... Eis a tradução de Oxum, a Deusa do Amor e da Fertilidade. Orixá nascido de uma concha depositada por Yemanjá, sua mãe, no rio Oxum, na Nigéria, África. No Brasil, Oxum é considerada a Deusa das águas doces dos lagos, fontes e rios, que mata a sede dos homens e fecunda a terra. É amante da fortuna, e do poder. Guerreira como é, Oxum não mede esforços para atingir seus objetivos, e para isso tem como armas a malícia, para enganar seus inimigos, e a ternura para convencer seus entes queridos. Oxum é a própria identidade da mulher, gosta de ser o centro das atenções, por isso não permite que suas concorrentes roubem a cena. Domina como ninguém a arte da sedução e quando se entrega, apaixona-se perdidamente.

Orunmila Ifá

Ocupa uma posição única no panteão africano, através dele podemos decifrar o código secreto espiritual de qualquer ser humano, comunidade ou Nação, pois nele está inciso o poder da criação. Na ordem divina de Olódùnmarè o espírito é eterno, e através de Òrúnmìlà-Ifá conseguimos obter a soma total de nossa existência, a nossa ligação com o Universo, e o destino que escolhemos para voltar a vida quando nascemos. Ele é o diagnóstico de nosso Elédà (mente superior), sabendo tudo o que aconteceu no passado, está acontecendo e qual será o nosso futuro. Òrúnmìlà-Ifá é a tradução da sabedoria infinita de nosso Deus criador, aquele que tudo sabe, tudo vê, é o verdadeiro elo de ligação entre o homem e o criador. Na Cultura Yorùbá são os elementos da natureza que dão condição de vida no planeta, a água, o fogo, o ar, e a terra. Estes se apresentam de inúmeras formas que se multiplicam primeiro em dezesseis, sendo o número dos primeiros Òrìsà primordiais, que vieram para ajudar a construção do planeta sob todas as formas de vida, ou os dezesseis Odù, a tradução literária de todos os problemas do homem, e neles estão contidos toda a sabedoria da criação. Ifá transmite sua palavra através dos dezesseis Odù, e estes são a expressão da natureza que é a fonte de energia que movimentará e determinará a personalidade da pessoa. Estes Odù, multiplicados por mais dezesseis perfazem 256 tipos de divindades diferentes entre si, com atributos próprios e cada um conterá uma complexidade de inúmeros caminhos ao qual servirão para auxílio da raça humana.
Em nosso princípio ancestral, todos nascemos da terra, veja a composição de seu organismo que é composto de água, minerais, ferro, e assim por diante, portanto é natural que para encontrar o equilíbrio de nossa vida também façamos uso dos elementos que saem da própria natureza. Toda a criação Divina tem uma função determinada para auxiliar a sobrevivência em equilíbrio entre as forças negativas e positivas. Na tradição africana, por tudo o que já foi dito, Ifá é um Órìsà muito venerado. Em sua terra (Ilé-Ifá) existe um templo muito antigo onde todas as sextas-feiras as pessoas vão rezar para a paz no planeta. Como nada será feito de importante sem antes consultá-lo, quando um bebê nasce, entre o terceiro e quinto dia após seu nascimento ele é levado ao Bàbáláwò para que se faça uma consulta a fim de saber qual será o destino desta criança, recebendo tratamento para que o rumo de sua vida seja o melhor possível. Qualquer caso de saúde, casamentos, financeiro, amoroso, depressão é revelado através de divinação, que além do problema apresentará as possibilidades de melhorar a situação determinando o que poderá ser feito para atrair a sorte, a paz e a felicidade de cada um.
Ifá em nossa vida Ifá, é a soma da sabedoria suprema, a cosmogenia e a cosmologia, a vida e a morte, o nascimento da natureza, a visão total do mundo e da existência estabelecendo normas éticas que irão comandar as sociedades e os homens, e assim determinando uma conduta nobre diante de todas as forças que se formam contra o bem da humanidade, a força que conduz a sustentação do planeta vivo. Neste processo tão poderoso, aquele que for iniciado em seu Culto estará agregando a si uma permissão para obtenção de um poder muito maior perante Olódùnmarè, assim existindo a necessidade por parte dos Sacerdotes conhecedores plenos da extensão deste mesmo poder avaliarem o candidato com muita clareza e assim permitindo ou não esta iniciação. Nem todos estão habilitados a carregarem em seu Orí, esta força que liga o ser com o sagrado. Seus Sacerdotes, apoiados nos conhecimentos milenares, carregados por uma cultura de tradições em botânica, mineralogia, zoologia conseguem unir os elementos da natureza à energia vital de cada indivíduo procurando o equilíbrio entre as forças espirituais e materiais de cada um, esta união da ciência com o mundo espiritual precisa de mentes sãs

Religião Tradicional Ioruba - Isèsè Agba

A sabedoria começa na reflexão.
(Sócrates)
Religião é uma fé, uma devoção a tudo que é considerado sagrado. É um culto que aproxima o homem das entidades a quem são atribuídas poderes sobrenaturais. É uma crença em que as pessoas buscam a satisfação nas práticas religiosas ou na fé, para superar o sofrimento e alcançar a felicidade. A religião deverá constituir mais um impulso para a ação ética. Quando se pergunta pelo fundamento último da moral na sua incondicionalidade, é difícil não ser confrontado com a religião e o absoluto de Deus. Depois, a religião dá horizonte de futuro, mesmo quando se falhou e se precisa de esperanças e novo alento.
A Religião é a ética e o conhecimento, que está acima das leis e da ciência, e que procura a qualquer tempo localizar na nossa alma e espírito o nosso sentido de viver, e fazendo a nós entendermos o que devemos fazer ou como devemos ser nessa vida.
"Qual o sentido de vivermos e como devemos fazer isso?"
"O que a minha religião tem feito por mim?"
"Qual é meu envolvimento com minha religião?"
Cada religião propõe uma forma diferente de encarar as mesmas perguntas e desafios. Sendo assim religião é atemporal independente da época que estamos, ela será sempre a mesma bússola para o nosso caminho, independente das leis e do regime político ela ira propor sempre a mesma ética de conduta.
As leis civis zelam para que o Homem viva em sociedade, ser justo com os próximos e viva de acordo com valores que a sociedade em que vive preza. sendo assim, as leis mudam de sociedade para sociedade. A religião busca nos fazer ser melhor com a gente mesmo, em primeiro lugar, como um passo básico para que nossa vida em sociedade seja brilhante.
O resto cabe a nós fazer. A base e os instrumentos que nos possibilitam sermos boas pessoas são oferecidos, mas, cada a cada um decidir o que fará da sua existência.
Não se procura uma religião porque se quer dinheiro, emprego, mulher dos outros, emprego dos outros, casa própria, etc...
Isso cada um tem que conseguir nessa vida com o próprio trabalho e com seus próprios erros e acertos.
Nascemos para viver e fazer isso com dignidade, primeiro com nós próprios, depois com nossa família e por fim com a sociedade em que vivemos.
Portanto, o que Ifá vai dar para as pessoas para que ela vivam melhores? Por que uma pessoa quer ir para Religião Tradicional Ioruba - Culto a Ifa-Orunmila? Essa é uma pergunta importante e deve ser feitas por todos independente da corrente religiosa em que estejam.
Ifá não é como toda a religião, mas um culto muito específico de uma religião. Assim a primeira obrigação de uma pessoa que está ou quer ir para Ifá é entender a religião onde este culto está inserido para que consiga localizar em todo esse mundo metafísico o sentido do que se faz em Ifá, o porquê tanta dedicação e estudo.
A religião vem em primeiro lugar porque ela é o que envolve e dá sentido em todos os atos que se pratica, e é claro que uma pessoa pode ser de uma religião sem ser um sacerdote. Isso ocorre em todas as religiões. Em Ifá existe uma grande dificuldade em entender isso, o objetivo de Ifá é contribuir oferecendo equilíbrio e realinho com seu destino, mas somente você poderá se tornar um sacerdote se assim for comprovado através de sua experiencia e sabedoria.
O sacerdote/isa de Ifá um/a Awo não é um passador de ebó, um praticante de magias e feitiços: é uma pessoa que transmite asé através de sua palavra, oral ou escrita.
A a palavra do sacerdote/isa é que tem a força, é que tem a magia é que tem o poder.
Ifá tem uma enorme parcela de contribuição na vida das pessoas. Ifá está intimamente ligado com o compromisso que o Orí de cada pessoa fez com Olodumare, com o seu objetivo de vida e com tudo o que motivou a sua vinda do orun para o aiye.
Assim quando uma pessoa enfrenta dificuldades demais, quando os caminhos ficam poder demais tortuosos quando a prosperidade falta ou ameaça a sua subsistência, quando a doença e a perda sempre ronda sua porta é a Ifá que as pessoas podem recorrer.
Ifá ira então socorrer esses Oris para que eles possam retomar a sua vida e seus objetivos, sejam com reposição de asé ou mesmo com sabedoria. ỌÌrúnmìlà não é apenas o testemunho do nosso destino, aquele que estava junto de cada um de nós quando pedimos para Olodumare um destino nessa terra. Ele é a sabedoria, o que traz o conhecimento e as mensagens de todos os Odus.
Assim um Babalawo/Iyanifa, mais do que fazer ebós também é uma pessoa que deverá ter a inteligência, a percepção e a sensibilidade para orientar as pessoas que o procuram, porque muitas vezes as pessoas precisam de palavras, estimulo e orientação.
Ifá é um culto de sacerdotes, mas também é o caminho para que as pessoas tomem contato com a religião e com tudo o que a religião pode fazer pelas pessoas, Ifá é um longo caminho para quem o adota,
A pessoa de Ifá um Babalawo/IYanifa de fato não tem meias palavras para explicar sua religião. Não se esconde atrás de falsos segredos ou de informações incompletas. Um Babalawo/Iyanifa é a pessoa que tem asé na sua palavra e que representa a sabedoria. Uma pessoa de Ifá não esconde informações e conhecimento.
Ifá tem a capacidade de ajudar a todas as pessoas a viverem melhor. Esta é a sua virtude visceral e para isso que Ele existe. O objetivo de Ifá é tornar melhor a vida das pessoas em relação a sua missão, as suas possibilidade e a sua capacidade, lembrando que durante a vida, com nossos próprios atos e opções nós criamos as próprias condições para vivermos bem e Ifá não poderá dar a ninguém aquilo o que ela não pode possuir.
Aos habitantes desse mundo, seja de que religião forem, Ifá irá ajudá-los a viver. Aqueles que desejarem conhecer a Religião Tradicional Ioruba Ifá-Orunmila conterá o seu significado e aqueles que desejarem ajudar outras pessoas com seu próprio temor e axé Ifá lhes dará a infinita possibilidade de fazerem isso à exaustão.
Ifá não vai prometer que vocês ganhem na loteria ou dar um novo emprego ou um novo amante.
Ifá vai ajudá-los a viver a vida.
Ifa gbe wa o


Ifa Diz

"Tenha parentesco com a hiena, e todas as hienas serão suas amigas."

Não há verdade na Terra que Ifá-Orumila não conheça, inclusive o que seu ego não permite aos demais! Cuidado! Ego demasiado é tão válido quanto o cheiro ruim da hipocrisia.

Os mecanismo de defesa do Ego, são formar de resolução ilusória, pois, não resolvem o problema, apenas o disfarçam, se tornando então em momentos, disse MOMENTOS, que quaisquer oferecem, porque você não é capaz de assumir sua própria vida!

Nesse jogo de egos, ressalto, triste daquele que procura virtudes onde não se cabe!

Gbogbo ire oooo

É o que me ressalvo!

È kàáro!" (bom dia!)

"Òrúnmilà Ajànà Ifá Olókun a sòrò dayó"
Que faz o sofrimento tornar-se alegria
O testemunho do destino
O poderoso que protela o dia da morte
Òrúnmilà, você acordou bem hoje?

A hora que acabo de despertar
Apresento meus respeitos aos meus antepassados.
Meus antepassados, permita que todas as coisas boas posam vir a mim,
Meus antepassados, permita que o espirito interno seja vivo em mim,
Meus antepassados, lembre-se daqueles que fazem reverências.
Ori, o que me guia.
Ori, o que me apoia.
Ori, o que protege o meu caminho.
Ori, o que permite que eu siga meu caminho.

Olho pela janela do tempo e vejo minha transição voltada sempre para um novo dia pois a mim, ele pertence!
Devemos sempre acreditar num Eu.
Devemos ter em mente que somos capazes de caminhadas curtas que são as diárias, que sempre estamos recomeçando, recriando, realizando.
Mas acima de tudo, existe um propósito, chamado-se fé, que é acreditar nas caminhadas longas onde encontramos os desafios maiores e superamos com nossas forças.
O tempo é o maior amigo do Homem!
Ifá é a sabedoria de quem O procura.

Ifá nos orienta sempre, mas procurar a sua orientação e não a seguir é o mesmo que caminhar por caminhos iguais e querer resultados diferentes, insanidade nunca deve ser confundida com fé à espera um milagre.

"Feliz daquele que sabe agradecer quando acorda, pois não terá que se preocupar com a morte."

Ilè mo pè o
Gbogbo mònriwo
Mo juba
Egúngún oo

Ifa gbe wa oo

Ìreté-Sá

Prevenir é melhor que remediar." (Ìreté-Sá)
Aquele que guarda contra motim não é um covarde.
As abelhas partiram mas deixaram seu favo de mel.
As formigas soldados, digo, os soldados partiram e deixaram seus remanescentes.
Isto foi divinado para o povo da terra e e para o povo do céu quando entraram em guerra.
Foi pedido que ambos sacrificassem um jarro de mel e uma cabaça de ekó.
Apenas as pessoas do céu sacrificaram; as pessoas da terra, não.
As pessoas da terra foram para uma batalha com as pessoas do céu, mas assim que chegaram no portão do céu, eles viram um pote de ekó misturado com mel. Não sabendo que ele estava misturado com veneno, eles beberam da mistura e morrerão ali mesmo.
As pessoas do céu, marcharam até os portões do outro lado do céu e encontraram vários corpos no chão.
Eles bateram em sete corpos com uma vara aos quatro cantos da cabana deles.
Eles mandaram aqueles sete carregarem os corpos dos outros mortos para bem longe do portão.
Após os sete terem carregado seus camaradas para longe do portão as pessoas do céu começaram a cantar e escarnece-los vergonhosamente:
_
"Nós bebemos mel e não combatemos as pessoas do céu, nós bebemos o mel.
Todos os povos preguiçosos estão em batalha.
Nós bebemos mel e não combatemos as pessoas do céu, nós bebemos o mel.
Até hoje você não vê as pessoas da terra carregando seus mortos aqui e ali?
Os mortos estão carregando os mortos."
Ifá nos ensina a nunca competir.
Quando competimos, nossa reputação pode sofrer prejuízo.
O competidor vai de imediato tentar descobrir nossos defeitos para nos desacreditar.
*
"Poucos fazem guerra com justiça."
*
"A rivalidade descobre as faltas que a cortesia tinha esquecido."
*
"Muitos possuíam boa reputação até que tiveram rivais."
*
O calor da oposição ressuscita infâmias dormentes e desenterra as imundices passadas e antepassadas.
A competição começa por tornar públicos os defeitos, e os rivais tiram proveito de tudo que o podem e de que não deveriam.
É freqüente não ganharem nada ofendendo aos outros, a não ser a vil satisfação da vingança.
A vingança sacode o pó com tanta raiva que faz ressurgir os defeitos do esquecimento.
A benevolência sempre foi pacifica e a reputação, indulgente.
"A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência." (Ghandi)
"O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não." (Ghandi)
"Um erro não se converte em verdade pelo fato de que todo mundo acredite nele." (Ghandi)
Ifa gbe wa ooo

Ifá diz:(Odu Òsè-bi-Ìretè-Sile-Ajè)

"Quando nos damos a árvore de palma a corda de palma ela se agarra nisto." (Odu Òsè-bi-Ìretè-Sile-Ajè)
"Ifá disse, se tornou Alajubaraka.
Eu disse, se tornou Alajubaraka
Se nós usamos Jubaraka, que ele seja Jubaraka
Ele deu nascimento a Olotooro, Oloteere e Onawofunmirin
Onanwofunmirin pariu Ajè.
Ajè pariu os seres humanos.
Ajè se preparou e foi pelo mar.
Os seres humanos também se preparam e foram para Irada.
Osè corra rapidamente para o Deus do mar e me traga dinheiro.
Irete corra rapidamente para Irada para me trazer pessoas.
Apè não deixe que minha boa sorte vagueie ao longe antes de vir a mim.
Se nós varremos a casa e o caminho, o refugo é levado até a lixeira."
Sua vida pode ser uma comédia, uma aventura ou uma história de superação, sucesso e amor. Mas pode ser também um drama, uma tragédia ou a monotonia da não-mudança.
Vamos analisar:
Se você pensa que é um derrotado, você será derrotado.
Se não pensar "quero a qualquer custo!" não conseguirá nada.
Mesmo que você queira vencer,mas pensa que não vai conseguir, a vitória não sorrirá para você.
Se você fizer as coisas pela metade, você será fracassado.
Nós descobrimos neste mundo que o sucesso começa pela intenção da gente e tudo se determina pelo nosso espírito.
Se você pensa que é um malogrado, você se torna como tal.
Se almeja atingir uma posição mais elevada, deve, antes de obter a vitória,dotar-se da convicção de que conseguirá infalivelmente.
A luta pela vida nem sempre é vantajosa aos fortes nem aos espertos.
Mais cedo ou mais tarde, quem cativa a vitória é aquele que crê plenamente "Eu conseguirei!" Porque todos nós temos tudo isso em nossas vidas. O que muda é como editamos, em quais experiências mantemos o foco e sobre o que falamos.
Já ouviu dizer:
"Fale do drama, e sua vida será um drama. Fale da aventura e a mesma vida será deliciosa."
Então, prepare um belo discurso. Gaste suas melhores palavras. Utilize todos os seus argumentos.
"Eu não consigo ouvir o que você diz."
Mais do que na força das palavras, acredito no poder das atitudes, na grandeza dos gestos, nas sutilezas das ações. Juntando ambos, o que teremos?
Oras se quando falamos já estamos disponibilizando uma ação, imagine falando e agindo! Eles se completam.
"Palavras quando não andam sincronizadas com os nossos pés, não chegam a lugar algum. Não dizem absolutamente nada. É na coerência das ações que a gente se encontra e o outro nos ouve."
"Ninguém pode viver preso em uma vida que não é sua!"
"A ordem de um homem precavido, fundará uma cidade."
"O eco da primeira palavra fica sempre no coração."
"Pense numa nova história e acredite nela."
"Qual é a maior riqueza que temos na vida se não a nossa vida?"
Iba o Ajè
Iba o Ajè
Iba o Ajè
Gbogbo ire oooo
Ifa gbe wa oooooooo

Ifa diz:(OgbeBara)

A crítica negativa, só leva a insatisfação. Para evitar fofocas é aconselhável desconsiderar os comentários externos e raivosos." (OgbeBara)
No odu Ogbe Obara nasceu um dos valores fundamentais que permite os seres humanos interagem e vivem juntos: o respeito e o reconhecimento são as considerações que alguém tem um valor em si e definir como reciprocidade, respeito e reconhecimento mútuo, quando referindo-se a questões morais e éticas.
O respeito assim como honestidade e responsabilidade são valores fundamentais para permitir relações de convivência e comunicação eficaz entre as pessoas como elas são, um pré-requisito para o surgimento de confiança nas comunidades sociais.
O respeito é visto como a essência fundamental da tradição iorubá, transferindo-se em todos os aspectos, se na auto-estima, com os idosos, com as crianças, no trabalho, com as mulheres, colegas e até mesmo a própria vida. Para um ser humano poder ter uma existência pacífica e próspera deve ter o respeito como "um dos seus valores fundamentais."
Ciente de nosso comportamento e ser claro com nós mesmos é a chave para o sucesso. Estamos constantemente a reclamar, atraindo miséria e rejeição, criando ao ambiente os desconfortos, que são na sequência a falta de iniciativa que a pessoa tem para mudar sua situação. Quando você reclama e critica, leva ao atraso e à insatisfação, sendo as atitudes negativas criadas, afastando-se para as pessoas próximas.
Por isso que fá aconselha excluir todos os comentários que não têm propósito positivo, mesmo quando os outros tentam nos provocar. Temos que manter o Iwa Pelé (bom caráter) e uma boa atitude em todos os momentos.
Aceitação é importante no meio que vivemos.
E aconselha o indivíduo a ser feliz com suas conquistas, e que a inveja e a ganância é muito marcado neste Odu. Essa atitude negativa "de/para", só vai incorrer em dívidas que não serão capazes de pagar.
Orunmila disse que Ogbebara dá muita atenção aos assuntos dos outros, e por querer tanto ajudar acaba sendo abusado, ofendido e mal interpretado.
"Somos uma civilização de mimados que não é capaz de escutar nenhuma crítica sem achar que é uma questão de ofensa pessoal.
Quando a gente descobre que o sol não tá nem aí, que as estrelas não brilham só pra nós e que o mar não existe para que a gente nade nele, nasce uma sensação de desespero que chamamos de ressentimento.
Ressentimento é você achar que todos deveriam te amar mais do que amam, que todo mundo deveria reconhecer em você grandes valores que você não tem.
Quando não há respeito, você não pode falar nada que todo mundo se ofende.(Namur Gopalla)
É sempre mais valioso ter o respeito à admiração do povo"
(Jean Jacques Rousseau)
"Que não importe o tempo que passe
Nem o caminho que trilhes
Nem as pessoas que cruzarão tua estrada.
Que tua essência não se abale.
Que tua alma permaneça em paz
E teus valores se mantenham firmes".
"O respeito é um dos alicerces sobre o qual repousa a ética e a moral em qualquer campo e em qualquer momento."
"Uns tem preço, outros valores!"
Ifa gbe wa oo

Ifá diz: (Òfún méjì)

"Quando uma perna vai adiante a outra, obrigatoriamente, a segue.
Se o pai comanda, o filho segue atrás dele."
De uma coisa podemos ter certeza, de nada adianta querer apressar as coisas! Tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto.
Mas a natureza humana não é muito paciente.
Temos pressa em tudo e aí acontecem os atropelos do destino, aquela situação que você mesmo provoca, por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo.
"Òfún Meji nos ensina a honrar nosso sábios, respeita-los e receber deles os ensinamentos que nos são necessários para o bom viver."
As pessoas passam pelos mesmos momentos que as outras.Todos nós.
Só que em tempos diferentes. Enquanto algumas já viveram determinados problemas, outros começam, isto é um círculo, a vida. É como se a vida fosse uma bola onde nós vamos sem muitas vezes sentir, passando por cada pedaço dessa bola. E em cada pedaço,existe um destino, onde a gente poderá parar e senti-lo. Sentir e seguir. Experimentar e desistir.
E vai assim, dando sequencia à vida!
Mas todos nós que estamos dentro dessa bola iremos passar por tudo que o outro já passou, por isso as coincidências.
Ninguém passa por momentos únicos e exclusivos que vieram só para nós
apenas para nós, sempre existirá mais alguém que já passou por onde caminhamos.
"Isso é o senso moral da vida, aceitar conselhos daqueles que um dia passaram pelo mesmo caminho, é ser nobre para com a vida."
"Não ergas alto um edifício sem fortes alicerces, se o fizeres viverás com medo."
Òfún méjì também chamado de Órángùn é um odù de suma importância. Tanto é verdade que toda vez que o mesmo comparece em uma consulta oracular ele é saudado com Epá Odù sinalizando assim sua senioridade, envergadura e respeito. Seu grau de pureza é imenso e é preciso muito cuidado para não maculá-lo.
No Odù iká'fún, que todos os Awos tem como suas diretrizes, é ensinado que quando o mais velho chega, todos devem reverenciá-lo. É uma pena vê que isso está se perdendo e está de duas formas:
"Pessoas se dizendo mais velhas e se comportando como crianças, por não saber aquilo que diz saber e jovens não dando aos mais velhos os devidos respeitos."
"Este mesmo odu ensina também que um sábio não se impõem, ele é reconhecido."
Ifa diz que a descoberta espiritual é solitária.
Por que estamos juntos, então? - perguntaram a Orunmila.
Vocês estão juntos porque um bosque é mais forte que uma árvore só.
O bosque resiste muito mais ao vento, além de ajudar ao solo a ser fértil.
O que faz a árvore forte é a raiz, mas ela não pode fazer nenhuma outra planta crescer.
Ter o mesmo propósito e deixar que cada um cresça é o caminho dos que comungam com Olodumare.
Procure descobrir o seu caminho na vida.
Ninguém é responsável por nosso destino, a não ser nós mesmos.
Ouvir os mais velhos desde a criação do mundo e em todos os tempos.
Epá Odù
Ifa gbe wa oo

Ofun-Otura

Ifá diz:
"Se você vê os desafios como uma limitação de uma corda firme
seus olhos não podem ver brilhar o bronze." (Ofun-Otura)
Quando o vento de sérios desafios fica muito pesado sobre os nossos ombros, temos de compreender que tudo é sobre o tempo.
E não é apenas sobre o tempo que passamos arremessando ou rolando no deserto, mas que o tempo que passamos nesses pequenos detalhes que podem fazer a nossa vida um melhor.
Um não deve ser aquele príncipe de uma família concorrente que cruzou os braços e não faz nada, porque ele foi informado de que ele vai se tornar um rei um dia ... esses nunca chegam lá.
O outro não pode ser aquele que nada vê porém tudo sente, porque foi dito que o reino era teu, e que de rainha não pode ser, porque nada fez.
Não se deve esquecer que a luz não fará sentido sem a escuridão.
Antes que a planta fresca brote, ela teve que lutar pela terra bem embalada.
Tempos difíceis não duram, mas apenas as pessoas difíceis, os sentimentos duros trocados, podem ser substituídos por outros melhores e só cabem a quem os tem.
Às vezes, a intervenção das forças maiores são necessários para chegar ao nosso destino e que não deve ser punido por nós, nem julgado, apenas trabalhado em nosso espiritual: por ser espiritual, um vai aprender a enfrentar e confrontar a própria realeza do Eu e entender-se-a que o Criador é o apoio, e que não se adula a preguiça; Os céus ajudam aqueles que se ajudam.
Segure em sua fé porque somos humanos, podemos falhar, afinal somos apenas humanos. A única divindade que não pode deixar-nos a nós mesmos é sim, você, vocês.
Somos seres completos na grandeza de ser, ninguém nunca é um erro, muitas vezes a lapidação da vida se faz necessária.
Problemas existem para serem superados, lidamos com isso constantemente em nossos corpos, profissão, amores, conquistas, oras, seria diferente na vida espiritual?
Ifá-Orunmila sempre nos orienta no melhor caminho a seguir, consulte-o.
Vá mais fundo.
Vá mais fundo sempre.
Não desista.
A luz virá.
A luz da vida sempre é brilhante.
"Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para vitória, é o desejo de vencer!"(Gandhi)
Ifa gbe wa o

Ogboni Ekun!

"Ifá diz:
Uma traição sem intenção causará a morte sentenciada!"

Alimentos podem encher um prato até que ele não comporte mais alimentos
Palavras, sempre tão secretas, permanecerão eternamente seguras
No seio dos membros da Ogboni
Assim declarou Ifa à Mãe Terra
Que desejava culto universal
Veja como prosperidade rapidamente segue sacrifício!

Aquele que não é iniciado em nossa ordem, não sabe o que ela contém!
Nunca se ouviu dizer que Edan morreu!
Nunca um membro da Ogboni será derrotado!
Aquele que não ouve o vento (espíritos) não reconhece os que podem ouvir!
Aquele que é aceito como filho da morte, não é atacado por ela!
(Irete Meji.)

"Um Ogboni nunca há de mentir,
Um Ogboni nunca há de trair,
Um Ogboni protegerá seus irmãos,
Um Ogboni deve ser honrado,
Um Ogboni nunca deve aceitar a mentira, a traição e a desonra!"

A sentença de um Ogboni condenado é a morte!

Ogboni Ekun!

Òfún'tura

Ifá diz:
Aqueles que decidiram trilhar o caminho da sabedoria infinita chamada Ifá, deve entender que este caminho é longo com muitas lições, testes e desafios. Mas devemos acreditar que um caminho por mais difícil que possa parecer no final certamente nos trará felicidade. Essa felicidade é questão de tempo, paciência e discernimento para decifrar e resolver todos os obstáculos.(Òfún'tura)
Nós, estudantes eternos da filosofia religiosa de Ifá-Orunmila, devemos ter o discernimento severo que não existe razão justificada para que a impaciência, desonestidade, desespero e a arrogância que nos leve a prejudicar outra pessoa ou principalmente a imagem da nossa religião/cultura, isso são anti-valores que vão em contra-posição aos mandamentos que devemos seguir.
Oras, devemos ser ímpar quando aqueles que não conhece a religião nos questiona e se isso ocorre é por quê necessita de resposta plausível ao seu convívio, porém e contudo, aqueles que já aderiram as obrigações devidas e assim diz seguir e praticar a Ifá-Orunmila deve ser astuto o suficiente para quando questionar um outro awo, entender devidamente o seu ser com sabedoria e lucidez, e aí sim, poder tomar um decisão de comentar seja o que for a ele, e não a outro.
Ifá diz que um Awo jamais deve falar mal de outro Awo, porém é dever preservar a origem dos dizeres de Ifá-Orunmila. E todo Awo sabe de cor ( ao menos deveria saber) que é ewó, e esta descrito no Odu Iká-fun, mentir.
"NÃO DEVEMOS JUSTIFICAR NADA PARA AQUELES QUE DECIDEM TOMAR ATALHOS PARA A "FELICIDADE PRÓPRIA", MESMO QUE PARA ISSO USEM DA INFELICIDADE DE OUTROS, isso é um erro nada admissível aos olhos de Ifá-Orunmila!"
"Eu não quero mais mentir, usar espinhos que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu...
Dos cegos do castelo me despeço e vou
Até poder me encontrar um caminho um lugar do que eu sou!
... eu não espero que o revolver venha explodir na minha testa se anunciou, até a fé devagar, pode num destino do azar que restou... " me condenar!
"Que mal fariam a Deus os nossos inocentes desejos?...Por que não merecemos nós o que tanta gente tem?"
"Um palácio cheio de palavras é como um castelo em ruína."
"Derrubei, derrubei o muro do meu castelo pra ver a vida com outros olhos, parei de viver pensando e passei pensar vivendo além do porque eu pergunto por que não, talvez queira ver as coisas como são e quando eu me cansar disso tudo aqui eu volto e vejo se o terreno ainda esta disponível, para o nível da minha vida .."
Ifa gbe wa oo

Ogbe'se

"Ifa diz:
Quando se torna mais escura ainda a noite é que devemos estar atentos para contemplar o raiar do dia. (Ogbe'se)
'O sofrimento de um Awo não é para sempre
A pobreza de um Awo se convertera em riqueza
Não importa quanto dure o sofrimento
Vamos rir dele'
Fez-se adivinhação para Òrìsànlá
Quem compra um paraplégico como seu primeiro escravo
O escravo que comprei é ótimo
O escravo que comprei me trouxe prosperidade
O escravo que comprei é ótimo"
"Ifa-Orunmila recomenda à seus seguidores que sejam pacientes a cerca da vida.
"Os devotos de Ifá-Orunmila devem ter e saber que no final do túnel escuro existe a luz."
Ifá-Orunmila salienta que seus devotos devem perseverar que tempos difíceis não são para sempre. Sempre a paciência deve ser usada pelo Homem em sua espiritualidade e em seu interior, devemos administrar nosso caráter."
É importante que em relação a isto, devemos excluir a necessidade que há dentro de nós de uma pré-existência vital e as preocupações e interesses materiais, para suprimir nossa visão do mundo atual e refletirmos:
"Não importa quantos sacríficos sejam realizados, não importa que tenhamos medicina para proteger-nos, tudo o que vai acontecer vai acontecer de qualquer maneira e não adianta se sentir deprimido ou sem esperança, se assim refletir ao mundo que tudo vai acontecer, não adianta, que tudo acontecerá. Esta confiança interna, levara a uma confiança pessoal. Temos um orientador, um professor dentro de nós, Ori, a divindade pessoal de cada ser. Convencer a ele que devemos permanecer em caminho tortuosos, escuros, problemáticos, apenas irá atrair cada vez mais a escuridão dos problemas que enfrentamos diariamente. Oras, porque não fazer o contrário?"
"Que possamos buscar as melhores energias dentro de nós independente do que o mundo nos oferece e assim e somente assim, possamos atrair o bem!!
Desfrute seu tempo com pessoas inteligentes, de caráter e educadas. As relações que nos estimulam são as que nos fazem bem e não as que nos machucam. Escolha amigos que você se orgulha de ter conhecido, pessoas que você admira, pessoas que te respeitam, pessoas que fazem teu dia um pouco mais brilhante simplesmente por estarem nele, com respeito e devoção.
"A vida é muito curta para perdermos tempo com pessoas que sugam nossa felicidade."
Ifá-Orunmila nos ensina a ideia do amor incondicional, e para chegar a essa compreensão e qualquer outra dentro de Ifá e dentro do culto aos Orisa e necessário humildade, ter um bom caráter, e uma das essências do caráter é a "paciência".
"Reflita:
Toda vez que você odeia alguém com todas as tuas forças, automaticamente projeta luz negra dentro do teu coração e as energias negativas emitidas para o outro recaem sobre você. "
Doe o teu melhor, seja autêntico.
Não precisa mandar beijinhos para aqueles que não te agradam, mas, por favor, não mande negatividades, ignore o mal, estabeleça vínculos com pessoas ricas de coração, converse com uma criança, brinque de pique esconde, não se limite.
"Quando praticamos o altruísmo em nós, temos a melhor pessoa do mundo nos auxiliando."
O mundo é redondo sim, mas, infelizmente, é habitado por muita gente quadrada.
Ifa gbe wa oo

.IDÍ-BÁRÁ

Ifá diz:
" Um olho nunca enxerga a si mesmo" (Ìdí-Bàrà)
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Edidi, o adivinho de Oko
Obara, o adivinho de Ilé
Foi consultado Ifá para ambos e foi dito que sacrificassem de forma a evitarem mal entendidos entre eles para sempre.
Edidi se recusou a fazer o sacrifício mas Obara não.
Como de costume, Edidi foi a casa de seus parentes, na casa de Olofin, para cumprimenta-los após um dia de trabalho intenso na roça.
Eventualmente ele foi aconselhado a pedir sua noiva em casamento, assim que ela pudesse se casar.
Sua prometida, Obara, não gostava de Edidi por ser ele um lenhador.

"Ela ridicularizava a Edidi:
- O que devo eu fazer sendo esposa de um lenhador?"

Edidi suplicava que Obara o visse com bons olhos, mas Obara não queria ver, não queria encara-lo e nem queria desposar um homem lenhador, como Edidi.

Depois de muito relutar pelo amor de Obara, Edidi resolveu fazer o sacrifício que Ifa havia predito e então, Obara entendeu que Edidi era um homem muito trabalhador e muito honroso era ser a esposa do lenhador.

*

Percebe-se que, hoje em dia, as pessoas estão muito exigentes em relação ao amor. Qualquer passo em falso: Adeus! Não aceitamos erros alheios. Não aceitamos qualidades no outro que, pra nós, sejam defeitos. Queremos que todos estejam conectados com nossas expectativas, que estão altíssimas e não param de crescer. O que nos é possível, não nos interessa. Almejamos o perfeito. O irreal. O ilusório. Queremos sempre o melhor, mesmo que o "melhor" não se adéque à nossa vida.

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"Hoje em dia temos isso!!
Ninguém espera nem tem paciência; há desconfiança demais, justamente porque muitos querem uma relação que trará algum tipo de beneficio, não se ama por amar "simplesmente"!

Reflita:
- O que você quer para sua vida?
- Emoções baratas?
- Ofertas irresistíveis?
Não sei se um dia o mundo cansará de tanta disponibilidade.
- Felicidades a 1,99. É pegar ou largar
- O mundo anda invertido. Ou será que sou eu?
- Temos que virar de cabeça pra baixo para ficarmos iguais.
- Aquilo que era secreto agora está escancarado.
- O que nos é caro, escondemos a 7 chaves.

"O que se tem no que diz amor é moeda de troca!
Baseando-se na necessidade do momento; não se luta juntos, não se trabalha unidos ali, para vencerem dificuldades, os dias modernos fazem com que os relacionamentos sejam muito mais modernos que diversos aparelhos eletrônicos que temos."

*

Vivemos na verdade na era da Intolerância.
Do imediatismo.
Da falta de paciência.
Seja com downloads lentos, celulares fora de serviço. Ou pessoas que não seguem o nosso ritmo.

*

No meio do caos, esquecemos o essencial: para se relacionar, é preciso tempo. Tolerância. E uma boa dose de bom senso.

*

"Recentemente, acompanhando apenas de ouvinte, numa fila de órgão público, me deparo com a seguinte conversa de dois homens de meia idade:
- E aí cara, sumido! Nem te conheci, todo estiloso, calça de marca, camisa nem se fala, e o sapatos então, de couro, que foi, conseguiu abandonar aquele emprego ridículo que você tinha e resolveu encarar o mundo ou ganhou na loteria?
- E nem te conto! Mas vou falar só pra ti! Tá vendo aquela mulher ali, então, tô namorando ela, essa produção toda foi presente! Não troquei de emprego e sim de namorada, que dá no mesmo."

*

O que me faz refletir dia a dia nas parábolas de Ifá-Orunmila.
"Aquele que se reconhece, que com sacrifício conquista o que precisa, deve fazer se de bem, para si, para manter seu bem estar, e o bem convívio com outro para nunca ser ludibriado, mesmo nos encantos do amor.

" Um olho nunca enxerga a si mesmo"

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Não, pessoas não são descartáveis. Não existe manual, nem informações no rótulo.

>>>>>>>>Quer saber? Todo mundo tem lá seus "defeitos".
Mas, nessas horas, não existe "loja autorizada", nem garantia.
No máximo, uma terapia ou um bom ombro amigo pra se reajustar."
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>>>>>>>> "Na verdade as pessoas precisam se apaixonar pela alma do outro. Quando amamos a alma entendemos que o resto faz parte da evolução da pessoa."
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>>>>>>>> "Dessa forma vem a tolerância e o bom senso."
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>>>>>>>> "A Intolerância está enraizada em nossa sociedade, e por consequência na relação a dois."
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>>>>>>>> " Vale a pena refletir em que conceitos quer seguir!
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>>>>>>>> "O mundo esta ao contrário e ninguém reparou!"
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>>>>>>>> "Milhões de vasos sem nenhuma flor?"

Ifa gbe wa oo

.Gunungun ( O abutre ):


Uma antiga história yorùbá narra que Gunungun (o abutre) era uma ave com muita saúde, no entanto, da noite para o dia, ele começou a ficar fraco, muito frágil, com a aparência muito pálida. Diante do estado em que se encontrava, Gunungun foi até Olodunmare, para saber o que estava acontecendo. Olodunmare recomendou que Gunungun fosse à terra, pois aqui ele encontraria a cura para tudo o que estava acontecendo com ele. Gunungun fez conforme Olodunmare recomendou...
Orunmila, o Deus do oráculo sagrado, vivia na terra, com suas duas mulheres. Mas ele era pobre. A vida de Orunmila não estava sendo fácil, ele encontrava diariamente, muitas dificuldades. Ele consultou o oráculo, para saber o que fazer. O oráculo lhe disse que, ele faria um favor para uma pessoa muito importante. Ele foi informado que essa pessoa lhe traria felicidades. Orunmilá foi orientado a realizar alguns sacrifícios, em algumas encruzilhadas, para que tudo acontecesse de forma satisfatória.
Quando Gunungun chegou na terra, ele encontrou as oferendas de Orunmilá nas encruzilhadas. Èsù que estava nas encruzilhadas, disse que Gunungun podia comer aquelas oferendas, assim ele fez. Logo após ele se saciar, ele ficou bom de tudo o que estava sentindo. Gunungun então, perguntou à Èsù, quem havia depositado aquelas oferendas. Ele respondeu que havia sido Orunmila. Diante da cura, Gunungun queria recompensar Orunmila e perguntou para Olodunmare o que deveria fazer. Olodunmare presenteou Gunungun com Crianças, Riqueza, Paciência e Longevidade. No entanto, Olodunmare disse para Gunungun que Orunmila só poderia escolher um dos presentes e que Gunungun deveria retornar ao Orun com os três restantes.
Gunungun foi até Orunmilá e disse a história, que ele havia ficado bom graças as oferendas que ele havia feito e que tinha quatro presentes, mas que ele só poderia escolher um. Orunmilá chamou suas duas esposas para escolher com ele.
Uma das esposas escolheu a riqueza, a outra escolheu as crianças. Orunmila perguntou ainda a um amigo o que deveria escolher, esse lhe respondeu que a Longevidade. Orunmilá questionou os seus seguidores, que após consulta, orientaram Orunmila escolher a paciência, pois aquele que tudo começou no mundo teve paciência. Orunmilá agradeceu todos, mas seguiu o Oráculo e escolheu a paciência.
Mas, as mulheres de Orunmilá não ficaram satisfeitas e começaram a brigar, mas Orunmilá quando indagado por elas, sempre respondia: "Aquele que tudo começou no mundo teve paciência". Gunungun voltou para o céu com os demais presentes. Com o tempo, riqueza ficou cansada de viver no céu sem paciência. Riqueza, então, pediu para Olodunmare para ir ao Aye, viver na casa de Orunmila para ficar junto de paciência. Depois de algum tempo, isso aconteceu com Crianças e mais adiante com Longevidade.
Decorrido alguns meses, as mulheres de Orunmila possuíam muitos filhos, Orunmilá possuía riquezas e tornou-se um homem com muita longevidade e, sobretudo, um homem com muita paciência, que soube fazer a escolha certa e que soube aguardar o tempo certo para que tudo de bom lhe acontecesse.

.Os segredos de Kitembú ( Ndembwa/ Tempo)

Kitembú é a divindade do tempo e das estações do ano, é ele quem comanda o clima, se chove ou não, se faz calor ou não, se neva, se esfria, se esquenta, se vira para tempestade, enfim o que estiver relacionado com o tempo, esse é o comando de Kitembú.
Kitembú é um Nkissi ( divindade Bantú ) muito conhecido e cultuado por eles, porém, pouco se sabe sobre esse magnifico Nkissi.
Em umas de suas trajetórias, Kitembú seria o Nkissi que livrou seu povo ( tribo Bantú ) de um ataque e erroneo no antigo local de morada, que após jogar um pó branco ( Pembá ) para o céu, se tornou bandeira e guiou Kitembú e seu povo para um lugar onde não seriam atacados e nem destroídos, contemplando assim, Kitembú o Rei da Nação Angola ( Kabinda - Bantú ).
Sua origem se desvem de Bantú, porem alguns dizem que Kitembú tambem seria Orixá, e cultuado nos Candomblés de Ketú e Jejê, mas não há nada que prove essa tese ou diversifica essa história, tendo que ser comparado com Orixá Yrokô ( Ketú ) e com Vodoún Lokó ( Jejê ) para se ter o culto em outras nações.
Pois bem, conhecemos que Kitembú é o rei da nação Angola e que comanda o tempo e as estações, mas o que chega ser esse Nkissi, quais suas caracteristicas e determinações?! Pois então, Kitembú é classificado como um velho, mas um velho muito ativo, inquieto e mandão, é um beberrão e gosta de farrear com as coisas, coisas que vemos com o proprio tempo, ora esta frio, ora calor, ora sol, ora chuva, não se dá para compreender o tempo e nem suas determinações, mas isso é crucial, pois Kitembú é um Nkissi muito concentrado em sua função dada por Nzambi ( Olodumarê - Ketú ) e ( Mawú - Jejê ), porem quando se enfurece, faz com que o tempo se limite entre sí mesmo e começa a ficar perdido, dessa forma Kitembú ponha - se a beber, ficando embriagado pela bebida alcoolica, Kitembú fica louco e hostio ao mesmo tempo, ocorrendo as mudanças climaticas momentanes, o tempo de tédio, horas perdidas e etc.... ocasionando serios acontecimentos que até o proprio Nzambi fica perdido, onde que quando ele esta assim, dá ordens aos outros Nkissis sem saber o que esta dizendo, ocasionando furiosas tempestades, terremotos, nevadas, ou até mesmo guerras, consquistas de impérios, doença epidermicas, ataque de animais, perca na agricultura, pois é Kitembú que limita as funções dos outros Nkissis, e estando num estado embriagado, fala e da ordens nas quais não se compreende e tambem não se segue a risca de Nzambi, ocorrendo esses serios fatos.
Kitembú só consegue ser acalmado após ser muit bem tratado por Nkissi Pembá, Mavambo ou Kaiaiá, pois são Nkissis que conseguem se comunicar integralmente com ele, dando lhe a ajuda e a firmeza para que Kitembú não se perca outra vez, por isso a razão de Mavambo ( Exú - Ketú ) ou ( Legbá - Jejê ) conseguir se transportar entre o tempo e entre um lugar ao outro, pois Mavambo é a unica divindade fora Nzambi que consegue voltar ao passado, estar no presente e ir para o futuro ao mesmo tempo, tendo grande importancia em cultos e tambem nas conclusões de Kitembú, Pembá é o Nkissi do destino, da sabedoria e do acontecer, ele é o proprio acontecer, pois é ele quem faz o continuo espaço tempo, tendo forte ligação com o Nkissi Kitembú, e Kaiaiá, pois é a mãe de todos os Nkissis e protetora, tendo uma função de sanear a mente, ou seja, a sanidade mental de cada ser.
Kitembú tem como grande parceiro seu amigo Mutalambo ( Oxóssi - Ketú ) ou ( Otolú - Jejê ),Nkissi da caça, da floresta e dos animais, pois a cada império consquistado ou a cada caça abatida, Mutalambo joga o pó de pembá ao ar, se tornando uma bandeira, sub dizendo " Eis aqui o fim do tempo de tal lugar, vida, sociedade, ou etc" significando que o tempo de vida ou de mandato de tais acabaram. Também tem forte ligação com Kaiangú, Nkissi dos ventos, tempestades e raios, pois é com ela que Kitembú se forte identifica na hora de mostrar todo seu poder, e é com ela que vem a terra fazer sua passagem, por isso o vento sempre se interliga com o tempo e vice - versa. Tem grande e importante ligação com Zumbá, pois alguns dizem que é seu filho, outros dizem que seu marido, mas a relação entre Kitembú e Zumbá é intensa e bem licita, pois Zumbá é a morte, a dona de Nvumbi ( morte ) e a comanda, e a morte é o inicio e o final de tudo, e mostra que o tempo da pessoa na terra acabou e é hora de voltar ao além, nos dando a conclusão de que tudo existe um tempo, e de que nada é eterno, tudo tem um começo, um meio e um fim, mas que nada se termina, apenas recomeça novamente de uma outra forma.
É irmão de Nsumbú ( Omolú - Ketú ) ou ( Sakpatá - Jejê ), o Nkissi da terra, das doneças e da saúde, e sua ligação com Nsumbú é bastante forte, mas tambem precária, pois Nsumbú e Kitembú vivem brigando, por isso ocorre as vezes epidermias ou doenças por varios anos ou em varias pessoas. Tem uma intensa ligação com Nzazi ( Xángô - Ketú ) ou ( Sogbô - Jejê ) e tambem com Luango ( Ayrá - Ketú ) ou ( Badé - Jejê ), Nkissis do trovão, justiça e da lei, pois Nzazi é o poder em comunicação, e o proprio raio e trovão, e Luango é o intermediário entre o céu e a terra, tendo em suas aparamentas uma chave, mostrando que Luango tem a chave do céu em seu comando dado por Lembá ( Oxalá - Ketú ) ou ( Olissá - Jejê ), nos dando identificação de que o tempo corre tanto no céu, quanto na terra, e de que a maior prova disso é a mudança, onde entre Hongolo ( Oxúmarê - Ketú ) ou ( Bessém - Jejê ), pois Hongolo é o Nkissi cobra, do arco - iris como seu proprio nome, da advinhação e das mudanças, pois é Hongolo que tuda muda, que tuda transforma, que tuda mexe, é ele o senhor dos movimentos e do "mudar" de vida, dando a intendificação fortemente com Kitembú, pois Hongolo muda tuda, mas sem a passagem e a ordem de Kitembú, nada se muda, nada se transforma e nada se inicia, sem Kitembú, Hongolo não pode continuar o ciclo, formando - se a evolução, que é a maior mostra de passagem de tempo na terra, onde se concentra Nkissi Nkossi ( Ogún - Ketú ) ou ( Gú - Jejê ), pois é ele o senhor dos metais, dos caminhos e da evolução, e para se seguir o caminho, precisa - se te tempo, pois é no tempo que encontraremos nosso caminho, e mostraremos nossa evolução. Kitembú tem passagens e fortes e importantes ligações com todos os Nkissis, tambem com Danda Luna, Katendê, Zimbá Ngondo, Karámoze, Telekompenzo, ou seja desde Mavambo á Lembá, pois é Kitembú quem determina o caminho, o tempo, o mudar, o passar, transformar, evoluir, faturar, ganhar, perder, esperar, conquistar, revolucionar, voltar, prosseguir, diminuir, crescer, amar, odiar, aprender, ensinar, ou seja, o viver de cada e de todas as pessoas do mundo, seja de animais, plantas, humanos, elementos ou objetos, pois é Kitembú quem decide e que determina seu existir, o seu viver.
SUA COR: branco com prata, tambem branco com verde e vermelho, ou todas as cores.
ADORNOS: ferramenta de metal de bandeira, uma lança, ou pode carregar tambem uma ampulheta.
DIA DA SEMANA: terça - feira.
DATA COMEMORATIVA: 10 ou 11 de agosto.
FIO DE CONTA: branco, verde e vermelho.
SAUDAÇÃO:
Nzará Kitembú, Kiuá Tateto Ndembwá Talenú!!

.A IMPORTÂNCIA DO ÒSÙ (ADÒSÙ).


A IMPORTÂNCIA DO ÒSÙ (Adòsù). NA INICIAÇÃOO òsù é um amalgamado de substâncias secretas, algumas in-natura, outras secas, algumas torradas mas tudo isto reduzidos a pó, este conhecido como iye. Ele serve de veículo para transmitir o àse do Òrìsà a ser consagrado no futuro iniciado. O òsù será formado pelos elementos constituitivos e carrega não somente o àse mas a individualização de cada Òrìsà, sendo assim há uma expressiva diferença entre os òsù, cada qual leva suas substâncias distintas e específicas, ou seja, um diferente do outro. É a preparação mística de uma base apta a receber o Òrìsà Tutelar quando ele manifestar-se no iniciado. Para que possa veicular o àse pretendido, deve ser consagrado ritualísticamente em um odo (almofariz/pilão) devidamente preparado para este tipo de cerimônia. O almofariz, onde os remédios e elementos sagrados são triturados é considerado um objeto sagrado feito apenas com determinados tipos de madeira. Simboliza as duas forças fundamentais: o almofariz representa o pólo feminino , enquanto o pilão representa o pólo masculino. O que se obtem destes dois é o terceiro elemento "O elemento criado, o elemento procriado". O ritual para o preparo do òsù, onde são recitados a cerimônia do Mo Jùbà (invocação sagrada) e certos adúrà (rezas) são de competência única e exclusiva dos Babalòrìsà, Ìyálòrìsà , Ìyálàse e Òsùpin

Em determinado estágio da iniciação, a Ìyálàse trasfere esta massa do almofariz e a fixa em formato cônico, sobre o crânio raspado do noviço, mais especificamente em um pequeno corte ritualístico denominado de gb éré, por intermédio de um ciclo ritual que culmina quando esta profere algumas palavras, afim de consagrar o ò sù. Estas palavras são conhecidas como ofò. Uma vez sacralizado corretamente e por quem de direito, o òsù fortalece o àse do Òrì sà consagrado no iniciado e este passa ser chamado de Adòsù. O denominação A'd'òsù , resulta na forma contraída das palavras: A òsù, o que poderiamos interpretar como: "Aquele que carrega o òsù" ou "O Portador do òsù ".De suma importante lembrar, que a gramática Yoruba na prática de sua linguagem é comum usar o sinal diacrítico o "apóstrofo". Consiste em que, se numa mesma frase a palavra termina com uma vogal e a palavra seguinte começa com uma vogal, uma destas duas vogais sofre supressão, então duas ou mais palavras tornam-se apenas uma.
O Adósù é um símbolo de submissão ao grande Aláàfin (o soberano da cidade de Òyó). Os seus seguidores, portam este tufo de cabelo, que situa-se no alto da cabeça para que todos possam visualizar, o mesmo ocorre com os iniciados que carregam este símbolo para que sejam reconhecidos como os seguidores e submissos de Sàngó em território Yorùbá, sabe-se que é um dos símbolos mais importantes e sagrados para os iniciados desta divindade, origem Yorùbá.

O mesmo simbolo é usado em algumas religiões da cultura Afro-brasileira.

Mais sobre o Adósù

As mulheres do Aláàfin
A lya-Naso está ligada ao culto de Sàngó e geralmente é responsável por tudo ligado ao seu culto.
É de sua responsabilidade a capela privada do rei, para o culto a Sàngó, todos os privilégios decorrentes ao cargo são dela.
A lya-fin-Ikù é a segunda no comando, assistente da lya-Naso. Ela esta ligada ao rei através do "Adósù Sàngó", devota do rei para os mistérios de Sàngó, como todos os adoradores de Sàngó, cedem um de seus filhos para trabalharem para o Deus, ela assume um lugar privilegiado ao lado do rei, podendo ir e vir livremente, além de comer qualquer coisa sem que seja cobrado dos vendedores.

.Àjàlá Mopin – O modelador de Orí

Afùwàpé, aquele que soube escolher o melhor Orí

Orí é a cabeça que norteia todos os seres-humanos e "Apéré" é seu suporte, por essa razão, sempre que louvamos Orí, evocamos também o seu suporte "Orí Apéré-oooooo!", bem como o Orí Inú (encéfalo) "Orí Inú-oooo!" .

Acreditamos que "Àjàlá Mopin" é a Divindade à qual Olodúnmarè atribuiu a responsabilidade de "modelar" o Orí das pessoas. Muito embora Àjàlá seja habilidoso na "arte de moldar cabeças", por vezes ele comete erros e então surgem os "Orí Buruku", que são as "cabeças defeituosas". Cremos que mesmo antes do nascimento, escolhemos nosso Orí, pedindo-lhe junto à Àjàlá Mopin. Essa "solicitação" é denominada "Àkúnlèyàn", nesse momento o indivíduo "acorda" a sua permanência no Àyé, dentre outros aspectos de sua vontade. Isto posto, Àjàlá Mopin dá a pessoa aquilo que os yorùbás chamam de "Akúnlègbà", que é na verdade uma espécie de "mola propulsora" para que os "desejos acordados" sejam realizados. Por fim, Àjàlá Mopin, concede "Àyànmò" que é a parte do destino que mesmo através da mediação dos Òrìsàs não será jamais alterada. Ou seja, "Àkúnlèyàn" e "Akúnlègbà" podem sofrer alterações ao longo da vida. Essas alterações são possibilitadas por meios de oferendas, as quais são vislumbradas através do oráculo ou pela "fala" dos Òrìsàs, entretanto, aquilo que fora determinado em "Àyànmò" jamais sofrerá mudanças.

A afirmação de que nós mesmos escolhemos nosso Orí é fundamentada através de um Itán, publicado por Abimbola, o qual diz que Ifá foi consultado para "Orísèékú", "Orílèémèrè" e "Afùwàpé". Quando eles foram escolher seus respectivos Orí junto à Àjàlá Mopin, o grande moldador de cabeças, Ifá determinou que eles fizessem sacrifícios de modo que escolhessem um bom Orí para o seus destinos. Orísèékú e Orílèémèrè ignoraram a recomendação de Ifá e, somente Afùwàpé fez o que lhe fora designado. Como consequência, Afùwàpé teve muita sorte e prosperidade em sua vida, haja vista que, graças aos sacrifícios realizados, ele escolheu o "Orí certo" (Orí Réré). No entanto, Orísèékú e Orílèémèrè, que não seguiram a determinação de Ifá não tiveram a mesma sorte.

Abaixo, transcrevemos uma variante do Itán de Ifá, respeitante a saga de Orísèékú, Orílèémèrè e Afùwàpé rumo à Terra.

"Ifá foi consultado para Orísèékú, o filho de Ògún, para Orílèémèrè, o filho de Ìjá e para Afùwàpé, o filho de Òrúnmìlà, no dia que eles iam para a casa de Olódúnmarè escolher suas cabeças. Orísèékú, Orílèémèrè e Afùwàpé eram amigos, um dia eles se reuniram e decidiram que iriam para a Terra e lá, eles se estabeleceriam e seriam prósperos, sendo que, para eles, a Terra seria um lugar melhor do que o céu.

Eles pediram conselho aos Àgbàlágbà (anciões), que disseram que antes deles viajar, eles deveriam ir até Àjàlá escolher suas cabeças. Eles foram advertidos assim: "quando vocês forem, vocês não devem virar à direita, e nem ir diretamente para a casa de Àjàlá, até mesmo se um de vocês ouvir a voz do pai, vocês não devem ir diretamente para a casa de Àjàlá". Orísèékú, Orílèémèrè e Afùwàpé, prometeram aos Àgbàlágbà que atenderiam as advertências. Depois de caminhar por muito tempo, eles encontraram Afabéré-Gúnyán ("aquele que bate inhames com uma agulha pequena"). Eles disseram: "Pai, nós o saudamos"! O pai respondeu: "obrigado"! Orísèékú, Orílèémèrè e Afùwàpé questionaram como chegar até a casa de Àjàlá. Afabéré-Gúnyán disse que eles tinham que terminar de bater o inhame dele primeiro, depois ele mostraria como chegar até lá. Afùwàpé levou a agulha dele e começou a bater os inhames com isto, durante três dias. Quando ele terminou de bater, Afabéré-Gúnyán disse que eles podiam ir, que depois de caminhar mais um pouco, eles deveriam virar à direita, onde encontrariam o Oníbodè (guardião). Eles deveriam perguntar ao Oníbodè como chegar até a casa de Àjàlá.

Depois de caminharem por algum tempo, eles chegaram, Orísèékú, o filho de Ògún, ficou imóvel, ele ouviu a voz do pai dele, solicitando-o para guerra. Então, Orísèékú pegou suas armas para ajudar seu pai. Orílèémèrè e Afùwàpé o advertiram, dizendo que eles não deveriam ouvir nem mesmo aos seus pais, conforme orientação dos Àgbàlágbà. Eles então, continuaram sua viajem até a casa de Àjàlá. Após terem caminhado por um longo período, eles ouviram Òrúnmìlà, que golpeava o Opon Ifá com seu Iroke, fazendo um grande barulho. Afùwàpé, seu filho, ficou imóvel. Então, os outros dois companheiros exigiram que ele não parasse. Afùwàpé disse que ele não iria até ver o pai dele. Eles o fizeram lembrar da advertência, mas Afùwàpé, recusou abruptamente, insistindo que ele tinha que ver seu pai. Afùwàpé foi até Òrúnmìlà, enquanto Orísèékú e Orílèémèrè prosseguiram a viajem. Quando Òrúnmìlà viu Afùwàpé, ele lhe perguntou aonde ia. Afùwàpé disse que ele ia para a Terra. Òrúnmìlà, então, foi consultar o oráculo para o filho. O destino que se apresentou foi Ogbèyónú. O Oráculo disse: "Òrúnmìlà, seu filho vai fazer uma viagem para a Terra, para ele escolher uma cabeça boa, ele deverá fazer sacrifícios". O que ele deve sacrificar, questionou Òrúnmìlà. "Ele deve oferecer duas bolsas de sal e doze mil búzios". Òrúnmìlà ofereceu todos os materiais e o sacrifício foi realizado. As duas bolsas de sal e os doze mil búzios foram dados a Afùwàpé. Eles falaram que Afùwàpé procedesse na viagem. Quando Afùwàpé saiu da casa de Òrúnmìlà, ele nem não viu Orísèékú nem Orílèémèrè, eles já tinham ido embora.

Quando Orísèékú e Orílèémèrè alcançaram o Oníbodè, perguntaram-lhe como chegar à casa de Àjàlá. O Oníbodè disse que a casa de Àjàlá era muito longe, senão fosse por isso, ele os levaria até lá. Eles ficaram com muita raiva e perguntaram para outras pessoas, até conseguirem chegar à casa de Àjàlá. Quando lá chegaram, eles não o encontraram e esperaram por dois dias, como Àjàlá não retornou, eles resolveram falar com as pessoas que moravam lá. Disseram que eles haviam vindo escolher suas cabeças, sendo que estavam indo para a Terra. As pessoas da casa mostram-lhes muitas cabeças disponíveis na "loja de Àjàlá". Quando Orísèékú entrou, ele escolheu uma cabeça feita recentemente que ainda não havia sido "levada ao forno". Quando Orílèémèrè entrou, ele escolheu, sem perceber, uma cabeça defeituosa. Orísèékú e Orílèémèrè vestiram suas cabeças de barro e foram rumo à Terra. Restando poucos dias para chegarem, uma forte chuva caiu sobre Orísèékú e Orílèémèrè, essa chuva perdurou por muito tempo e as cabeças deles, começaram a se desfazer, ficando apenas um pequeno plano e assim eles chegaram. Na Terra, eles trabalharam muito, no entanto, eles perdiam tudo o que ganhavam e esse cenário se manteve por uns dez anos, sem qualquer sinal de melhora. Eles resolveram, então, consultar Ifá que através do oráculo disse que tudo que estava acontecendo, era em função das cabeças ruins que eles haviam escolhido e perguntou: "Quando vocês estavam vindo para Terra, vocês foram atingidos pela chuva?" Eles responderam: Sim, nós fomos! Ifá disse: "Quando vocês estavam vindo para Terra, vocês escolheram cabeças ruins! Vocês escolheram cabeças que ainda não haviam sido levadas ao forno. Vocês foram atingidos pela chuva e as cabeças ruins que vocês escolheram, ficaram danificadas, em pedaços, por isso, tudo o que vocês ganham, vocês perdem, sendo que tudo o que vocês conseguirem, será para restabelecer a forma de suas cabeças"…

Afùwàpé também continuou sua viagem à Terra, depois de ter caminhado por algum tempo, ele chegou até o Oníbodè e lhe perguntou como fazer para chegar à casa de Àjàlá. O Oníbodè disse que lhe mostraria depois, primeiro, ele iria preparar sua comida. Assim, Afùwàpé se sentou e pacientemente ajudou o Oníbodè. Quando Afùwàpé estava ajudando acender o fogo, ele notou que o Oníbodè estava colocando cinzas na sopa. Ele disse: "você está colocando cinzas na sopa". O Oníbodè disse que isso era o que ele sempre comeu. Afùwàpé colocou na sopa, um pouco do sal, que havia trazido consigo e pediu que o Oníbodè provasse aquilo. O Oníbodè ficou impressionado com o gosto e, implorou mais daquela iguaria à Afùwàpé, que concordou, dando-lhe as duas bolsas de sal. Quando eles terminaram de preparar a sopa, Oníbodè se levantou, conduzindo Afùwàpé até a casa de Àjàlá. Quando estavam chegando, eles ouviram alguém gritar. Oníbodè disse que aquele barulho vinha da casa de Àjàlá e que ele não estava em casa, sendo que aquele barulho era provocado por um credor à sua procura e, sempre que o credor aparecia, Àjàlá se escondia.

O Oníbodè disse à Afùwàpé que se ele tivesse dinheiro, ele deveria ajudar Àjàlá a pagar suas dívidas. Quando Afùwàpé chegou à casa de Àjàlá, ele achou o credor gritando, relinchando como um cavalo. Afùwàpé indagou quanto Àjàlá lhe devia. O credor disse que eram doze mil búzios (nesse aspecto, cabe lembrar que àquela época, os búzios eram moedas correntes). Afùwàpé pegou os doze mil búzios, que havia trazido consigo, e pagou o credor de Àjàlá, quitando toda a sua dívida. Quando o credor foi embora, Àjàlá saltou do teto, onde havia se escondido e, cumprimentou Afùwàpé. Ele perguntou se Afùwàpé achou alguém na casa. Afùwàpé disse: "Sim, achei! Essa pessoa disse que você lhe devia doze mil búzios, então, eu paguei toda a sua dívida". Àjàlá, muito contente, agradeceu Afùwàpé e lhe perguntou o que ele vinha fazer em sua casa. Afùwàpé disse que ele tinha vindo escolher uma cabeça, pois estava à caminho da Terra. Àjàlá pediu-lhe que viesse depois de certo tempo. Passado o tempo pedido por Àjàlá, Afùwàpé retornou e foi escolher sua cabeça. Àjàlá lançou uma vara férrea em muitas cabeças e todas ficavam em pedaços. "Está vendo Afùwàpé, essas cabeças não são boas"! Após muitas cabeças em pedaços, Afùwàpé escolheu uma. Quando Àjàlá lançou a vara de ferro, a cabeça deu um salto, caiu no chão e ficou rodando sem se desfazer. Àjàlá disse que aquela sim era uma boa cabeça e deu à Afùwàpé, que a fixou, dirigindo-se rumo à Terra.

Quando Afùwàpé estava chegando na Terra, uma forte chuva caiu sobre sua cabeça, a chuva era tão forte e intensa que Afùwàpé quase ficou surto, no entanto, sua cabeça permanecia firme, igual quando havia sido retirada da casa de Àjàlá. Ao chegar na Terra, Afùwàpé começou a comerciar, ele fez bastante lucro, ele construiu uma casa e enfeitou sua porta. Ele teve muitas esposas, ele teve muitos filhos. Depois de algum tempo, ele recebeu o honroso título de Orísanmí. Orísèékú, o filho de Ògún e Orílèémèrè, o filho de Ìjá, lamentaram-se à Afùwàpé. "Onde você escolheu sua cabeça? Porque não nos falou onde escolheria sua cabeça?". Afùwàpé, por sua vez, disse que eles haviam escolhido suas cabeças, todos em um mesmo lugar, o que os diferenciavam era, o destino".

"Ajalá modela a cabeça do homem

Odudua criou o mundo,
Obatalá criou o ser humano.
Obatalá fez o homem de lama,
com o corpo, peito, barriga, pernas, pés.
Modelou as costas e os ombros, os braços e as mãos.
Deu-lhe ossos, pele e musculatura.
Fez os machos com pênis
e as fêmeas com vagina,
para que um penetrasse o outro
e assim pudessem se juntar e se reproduzir.
Pôs na criatura o coração, fígado e tudo o mais que está dentro dela,
inclusive o sangue.
Olodumare pôs no homem a respiração
e ele viveu.
Mas Obatalá se esqueceu de fazer a cabeça
e Olodumare ordenou a Ajalá que completasse
a obra de Oxalá.
Assim, é Ajalá quem faz as cabeças dos homens e das mulheres."

O povo Yorùbá acredita que Obatala (a maior divindade cultuada entre os yorùbá, o primeiro ser divino criado, conhecido por Òòsàálá) modela o homem do barro do òrun (mundo espiritual), ou seja, ele cria o homem, com elementos do próprio òrun, porem em momento algum diz que ele cria mulas sem cabeça, este conceito turvo, surgiu em determinado momento em que os africanos vieram para o Brasil discursar sobre a criação do mundo e os seres humanos.

Assim que os africanos comentaram que o homem recebe um ara (corpo) e segue para buscar sua "Orí" (cabeça), logo os brasileiros entenderam e registraram o maior erro da história da cultura afro-brasileira, ou seja, nasceram as mulas sem cabeça.

Porem o erro foi que não esperaram para que fosse devidamente explicado, é que Orí é abstrato, tal quais os Odù (são considerados os pensamentos de Olorun, o senhor do òrun, odù seria caminhos ou conhecidos por destinos) que são energias mutáveis e cultuáveis, sem que tenham manifestações diretas e possuam um corpo.
Entre muitos erros de conceitos este acima é o pior, que faz com que o homem seja criado como a mula sem cabeça, para mais tarde buscar orí na casa de Ajalá, mas como ele iria buscar a sua cabeça na casa de Ajalá sem que ele tivesse cérebro, ou, uma mente para pensar e desejar...

Todos sabem que Ajalá realmente é o oleiro do òrun, que possui poder de modelar orí, estas que estão ligados aos Odù e variados destinos, por isso, que o culto a orí é individual e em momento algum veremos igual à outra e ou a manifestação de nem uma delas, mesmo sendo uma divindade de suma importância para cada ser humano, tanto que é cultuado antes mesmo da feitura do òrìsà, e ao contrario do que se acredita aqui no Brasil, o indivíduo não pertence a um òrìsà, na verdade quem determina e ou deve ser responsável por aquele individuo sempre será "orí", nem uma divindade terá poder sem que orí sancione.

"Quando alguém está para nascer,
vai à casa do oleiro Ajalá, o modelador de cabeças.
Ajalá faz as cabeças de barro e as cozinha no forno.
Se Ajalá está bem. faz cabeças boas.
Se está bêbado, faz cabeças mal cozidas,
passadas do ponto, malformadas.
Cada um escolhe sua cabeça para nascer."

Realmente há possibilidade do indivíduo pegar orí deformada, por isso, que é feito o ritual do Ebori, para que possa tratar orí e ao mesmo tempo rever seus votos, desejando novos caminhos, para isso, o indivíduo deve passar por determinados rituais e preceitos.
Outro ponto a discutir é o fato de se ter ou não um igba-orí (recipiente de louça, contendo alguns fetiches representando orí), nem todos os indivíduos precisam ter um igba-ori, o sacerdote pode muito bem dar um Ebori, sem que seja preciso manufaturar um igba-ori.

Então porque se ter um Igba-ori, se não há necessidade de ter um igba-ori, para cultuar esta divindade abstrata tão importante?

Muitas vezes um indivíduo, quer apenas dar um Eborí sem criar vínculos com a casa, nada impede que uma pessoa possa fazer isso, porem para aqueles que desejam seguir o culto a òrìsà, ou, os rituais yorùbá, pode manufaturar um igba-orí, para que possa tratar e cultuar o seu òrìsà individual com maior detalhes.

"Cada um escolhe o ori que vai ter na terra.
Lá escolhe uma cabeça para si.
Cada um escolhe seu ori.
Deve ser esperto, para escolher cabeça boa.
Cabeça ruim é destino ruim,
cabeça boa é riqueza, vitória, prosperidade, tudo que é bom. "

Outro equivoco, pois o individuo não tem como saber o que contém um orí até que chegue no aiye (plano físico), desta forma, não há como ele escolher uma boa cabeça, nem ser esperto com algo que ele não possui este direito, pois segundo a cultura yorùbá, a indisciplina de Ajalá é clara, pois ele não consegue criar todas as cabeças perfeitas, porem pode escolher uma boa, se o indivíduo fizer uma paga para ele, mas como um indivíduo poderia fazer um ebo (oferenda) se ele não possui elementos para isso no òrun, caso fossem assim não haveria pessoas com orí problemáticos.

Por isso, acredita-se que a família do indivíduo que irá nascer pode auxiliar, consultando o oráculo para descobrir um ebo para oferenda para aquele indivíduo que está para nascer. Porem de qualquer forma há possibilidade de através do culto ao orí de melhorar a condição do orí daquele indivíduo através do Eborí.