quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Explicando a origem do culto a Ibeji

Acredita-se que a sociedade de Ibeji começou em Isokun (terras que foram, mais tarde, fundidas com o território de Oyo). Havia naquela cidade um local em que os macacos tiveram os primeiros gêmeos. Uma história diz que a primeira mãe de Ibeji era a esposa de um fazendeiro pobre; em outra história a mãe era esposa do Oba que governou Isokun.
O macaco associado a Ìbejì é o "colobo polykomos", ou "colobo real" (chamado em Yorùbá de Edun Oròòkun) objeto de admiração e mística.
Baseado no entendimento de que para cada ser que nasce um equivalente permanece no Orun a espera do retorno do espírito que veio para o aiye, durante muito tempo o nascimento de gêmeos foi visto pelos povos yoruba e por outros, como mau presságio - desequilibrio que poderia atrair infortúnio. Por esta razão os gêmeos eram sacrificados, inicialmente as duas crianças, depois somente uma, como forma de devolver ao Orun o espírito que lá deveria ter ficado.
Uma história conta que durante a época em que os Ibeji eram sacrificados um casal morador da cidade de Isokun que acabara de dar a luz a Ibeji, apaixonado pelos filhos, na esperança de conseguir para eles outra sorte que não a morte, decidiu apelar a Ifá pela vida das crianças. Para alegria do pai e da mãe, Ifá não só determinou que as crianças fossem poupadas como proibiu o sacrifício de qualquer outro Ibeji. Esclareceu que o duplo nascimento, na verdade, deveria ser motivo de orgulho, honra e alegria, pois o mesmo correspondia à presença da divindade no Aiye. Foi determinado, ainda, que os pais dançassem em torno da cidade e que todos aqueles que cruzassem o caminho de Ibeji deveriam lhe render homenagens.
O culto a Ibeji entra numa família a partir do nascimento de Ibeji (gêmeos). É o fato de Ibeji escolher aquele pai, aquela mãe e, consequente aquela família, que dá início ao culto, pois, uma vez nascido, Ibeji jamais abandonará a família.
O culto através das esculturas admite duas razões: a primeira consiste de um pequeno altar com um casal (ere Ibeji) representando a divindade (no lar de gêmeos), onde poderão ser depositadas oferendas ao Orisa; a segunda, surge com a ausência de um dos gêmeos, ou dos dois. Para cada gêmeo ausente (não se deve dizer que um gêmeo morreu, mas sim que foi ao mercado) um boneco deve ser esculpido com o propósito de acomodar o seu espírito e mantê-lo vivo no seio familiar. A escultura terá formas femininas se o gêmeo ausente for menina, e formas masculinas se o gêmeo ausente for menino. No caso de as duas crianças serem meninos, e ambos se ausentarem, dois bonecos com formas masculinas serão erguidos para acomodar-lhes o espírito.
Usa-se um casal no caso da representação da divindade, porque Ibeji não tem sexo definido. É uma divindade que pode se manifestar (nascer) como menino ou como menina.
Certamente que todo e qualquer procedimento deve ser operado por pessoa competente.
O fato de haver gêmeos em uma casa não obriga a família a organizar um altar para a divindade Ibeji. Deverá, no entanto, cuidar de consultar a divindade (Ibeji) através do jogo, pois certamente haverá exigências à serem cumpridas, que poderão ser ebó ou mesmo alterações na rotina doméstica. Há de se lembrar que aqueles que têm crianças gêmeas dentro de casa têm, na verdade, a divindade em sua mais bela manifestação - "viva", vivendo e convivendo entre as pessoas.
O nascimento de gêmeos (Ibeji) é dos mais nobres - se não o mais nobre - presente que Olorun pode conceder à uma família e, uma vez presente de Olorun, é presente de todo e qualquer Òrìsà.
É determinante que não há como se falar, ou mesmo pensar em cultuar Ibeji se não através dos nascidos gêmeos.
Desde recém nascidos, à mais velha idade, qualquer pessoa gêmea é o próprio Òrìsà, que por alguma razão decidiu compatilhar, mais uma vez, o aiye com as pessoas.
Essas são as classificações dos gêmeos, sendo Tayewo (Aquele que vem na frente, o que primeiro prova o mundo) o primeiro dos gêmeos a nascer, e Kehinde (Aquele que vem atrás, que chega por último), o segundo dos gêmeos a nascer.
Sendo o culto a Ibeji o culto aos gêmeos, é fundamental que as pessoas se lembrem do Òrìsà Ibeji quando estiverem diante de gêmeos. Assim sendo, é importante conhecer um pouco do carater desse Òrìsà.
Ibeji gosta de levar prosperidade às pessoas, assim como alegria e saúde. O Òrìsà multiplica o seu asé entre aqueles que o reverenciam diante dos gêmeos.
Embora Tayewo seja o primeiro a nascer ele é o mais novo (aburo). Kehinde, o mais velho (egbon), aguarda a recepção dada a Tayewo para então se decidir a vir ao mundo ou voltar para o Orun. Sem ter a certeza de que será recebido com honras e alegria, Kehinde usa a recepção dada ao irmão como termômetro para avaliar se valerá honrar a família com o nascimento duplo.
Sendo o culto a Ibeji o culto aos gêmeos, é fundamental que as pessoas se lembrem do Òrìsà Ibeji quando estiverem diante de gêmeos. Assim sendo, é importante conhecer um pouco do carater desse Òrìsà.
Ibeji gosta de levar prosperidade às pessoas, assim como alegria e saúde. O Òrìsà multiplica o seu asé entre aqueles que o reverenciam diante dos gêmeos.
Ibeji é uma divindade que comporta em si os princípios masculino e feminino, não se trata de um ser hermafrodito ou de um alguém que possa ser visto tanto como masculino como feminino. Ele tem os dois princípios por ser duplo. A opção pelo gênero só é obtida quando do nascimento das crianças.
Ibeji é responsável pelo fenômeno da duplicação, podendo causá-lo em um espírito comum ou em um espírito Abiku, pois o que ocorre é que um único espírito se acomoda em dois corpos (um ser ocupando dois espaços ao mesmo tempo).
Os pais e as mães de Ibeji são os homens e as mulheres que a divindade escolhe para gerar e criar a sua presença no aiye, ou seja, todos aqueles que têm filhos gêmeos. Assim sendo, encontramos nas histórias reis e rainhas que foram presenteadas pela duplicação no parto (dádiva obtida graças aos seus feitos). Nesses casos, o responsável por tal benefício é o orisa do rei.
Sendo o rei descendente da divindade (o orisa do reino), e sendo ele pai de Ibeji, também o seu orisa é visto como pai de Ibeji e, conseqüentemente, detentor do poder dos gêmeos, por isso temos nas lendas Sango e Osoosi como os principais concorrentes para a paternidade de Ibeji, já que foi dos reinos de Oyo e Ketu que vieram o maior número de negros yoruba para o Brasil. A mãe, naturalmente, são as ayaba que mantiveram relacionamento histórico com aqueles dois orisa (Osun e Oya, principalmente).É possível que a confusão em torno do culto a Ibeji, que leva grande número de pessoas a associá-lo aos Ere (manifestação infantil presente no culto aos Orisa)tenha duas motivações. Primeiro, o fato de que o culto a Ibeji se dá através do "Ere Ibeji" = escultura de madeira, que pode ter se confundido com o "Eré" (manifestação infantil), que significa "brincadeira"; Contudo, é importante que se entenda que Ibeji está longe do aspécto infantil e doce que costumam lhe atribuir. Ao contrário, é um Òrìsà severo em suas questões, com poder comparado, inúmeras vezes, ao de Èsú e das Eleiye.O culto de Ibeji sofreu algumas modificações. A principal delas foi o fato de ser cultuado como orisa. Mesmo tendo ocorrido, a iniciação de Ibeji não é algo comum ou praticado por todos os ase. Possivelmente casas que iniciam Ibeji determinam, ou não, o assentamento de Esu (cada casa tem sua regra e cada pessoa tem suas necessidades). Quanto ao Ere, é importante diferenciá-lo de Ibeji, pois não são a mesma coisa. Sendo Ibeji cultuado como orisa poderá naturalmente haver um Ere já que este representa um estágio entre o orisa e a pessoa. Quanto ao nome, também depende dos costumes da casa.
ODÚ OKANRAN MEJI
Este Odú Ifá relata que uma árvore quando cortada deixa sempre uma parte dela presa a terra ( o toco do tronco ), logo entende-se que quando um dos gêmios morre, deve-se entalhar a estatueta com as caracteristicas do gêmeo que partiu dando a mesma também o nome dele e tudo o que for ofertado ao gêmio que permaneceu, também deverá ser ofertado ao que partiu.
Existem muitos mais detalhes sobre o culto a Ibeji, porém sei o que aqui foi postado já é uma grande contribuição para que entendamos um pouco o culto a Ibejí.

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